Em Coronavírus, Destaque, Economia, Notícias · 02 abril 2020

Bancos, supermercados e farmácias registram fluxo grande, apesar da recomendação de se evitar aglomerações

Fonte: O Popular

Filas na porta de agências bancárias com a presença de idosos e de outras pessoas de grupo de risco para a Covid-19 é mostra de que, mesmo com a adoção de horários especiais, as instituições não têm conseguido conter o fluxo. O mesmo também ocorre em supermercados e farmácias na capital goiana, mas com menor aglomeração.

Desde a semana passada, instituições financeiras informaram que iriam funcionar com horário especial durante o período indicado para isolamento social em Goiás. Nos bancos, das 9h às 10h, o atendimento é para o grupo que exige maior atenção. Redes de supermercados e farmácias também escolheram período de menor fluxo no início da manhã para dedicar o atendimento a eles.

“Vim ao banco para receber aposentadoria e estou esperando meu filho que está na fila da casa lotérica para pagar a escola do filho dele”, justificou ontem a aposentada Norma Durones Marinho, de 77 anos. Ela estava na porta de banco na região central onde havia outras dezenas de pessoas aglomeradas. Ela reconhece que é tempo de evitar e diz que tenta ficar mais ou menos um metro de distância das outras pessoas.

O risco e as notícias de milhares de mortes em outros países a toca, inclusive porque a filha retornou há 14 dias da França. Porém, não são o suficiente para mantê-la em casa. O comerciário Mustafá Bucar, de 53 anos, que também estava em uma fila ontem, só que na porta de outra agência da Caixa, defende que a necessidade é que tem feito as pessoas aglomerarem. “Eu vim para receber o seguro- desemprego, porque a empresa em que eu trabalhava fechou, e sacar FGTS”, pontua, ao reforçar que toma todos os cuidados quando sai para rua.

Segundo o supervisor da Associação de Bancos em Goiás (Asban), José Caetano Sobrinho, a falta de uso dos serviços que estão disponíveis pela internet ajuda a manter o movimento. No caso dos idosos, informa que cerca de 70% dos atendimentos têm sido no horário dedicado. “Mas há aqueles que não conseguem ir cedo e temos o entendimento de que têm dificuldade de lidar com caixa eletrônico e serviços digitais.”

A possibilidade de abrir uma conta, uma poupança e disseminar o maior uso dos serviços online é um desafio neste momento, segundo o supervisor. “O idoso a vida inteira foi ao banco e cortar isso agora é complicado.”

Aglomeração

Juntamente com adoção de novos horários, os bancos também têm escalonado a entrada dos cliente para evitar aglomeração. “Se a agência tem quatro caixas, entram quatro pessoas. E tem funcionários que ficam de fora da agência para orientar”, diz José Caetano. Por outro lado, ele lembra que a Caixa é um banco oficial para pagar os programas sociais e salário dos servidores do Estado. O que faz aumentar o número de pessoas presentes nas instituições.

Avó de Gustavo de apenas 5 dias de vida, Geni Madalena Machado, de 53 anos, é de Trindade e ontem estava na fila da agência da 24 de outubro, em Goiânia. Isso porque a filha foi fazer a senha para pegar Bolsa Família. A família saiu reunida, segundo ela, porque não havia outro jeito de receber o recurso.

Mas as filas registradas na terça-feira e ontem também possuem outras justificativas. Último dia para saque do FGTS, dia de pagamento e uma corrida para saber o que é preciso para receber os R$ 600 do chamado “coronavoucher”, auxílio emergencial que só foi sancionado ontem e ainda não possui cronograma de pagamento. Por isso, o pedido é para que as pessoas aguardem a divulgação para evitar ida às agências sem razão.

Já nas farmácias o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Goiás (Sincofarma-GO), João Aguiar Neto, explica que há abordagem especialmente de idosos para explicar a importância de ficar em casa e utilizar os horários exclusivos. “Tem mais idosos nos pontos de compra do que o que deveria.” Ele cita procuração simples que permite familiar buscar remédios e agora a permissão para retirada para três meses no programa Farmácia Popular.

“Não temos como evitar a entrada de idosos, cabe às autoridades. Nós limitamos o acesso e seguimos as orientações”, pontua o Presidente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), Gilberto Soares da Silva.

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Horário especial de antedimento para pessoas do grupo do risco e idosos não segura filas – Jornal O Popular