Em Coronavírus, Destaque, Economia, Notícias · 22 outubro 2020

Fonte: G1

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima a contratação de 70,7 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas neste fim de ano. Com essa previsão, o recuo é de 19,7% em relação aos 88 mil postos de trabalho temporário criados no ano passado.

A crise provocada pela pandemia deve fazer com que a oferta de vagas temporárias para o Natal seja a menor desde 2015.

O Natal é a principal data comemorativa do varejo, com previsão de movimentação financeira de R$ 37,5 bilhões em 2020 – 2,2% a mais do que no ano passado.

Nove em cada 10 vagas criadas deverão ser preenchidas pelas cinco ocupações mais demandadas nesta época do ano: vendedores (34.659), operadores de caixa (12.149), atendentes (8.276), repositores de mercadorias (6.979) e embaladores de produtos (2.954).

Nessas ocupações, os maiores salários médios deverão ser pagos aos contratados para os cargos de operadores de caixa (R$ 2.272,78) e repositores de mercadorias (R$ 1.576,24):

  • Vendedor de Comércio Varejista: R$ 1.285,60
  • Operador de Caixa: R$ 2.272,78
  • Atendente de Lojas e Mercados: R$ 1.373,66
  • Repositor de Mercadorias: R$ 1.576,84
  • Embalador: R$ 1.415,36


O avanço significativo do varejo eletrônico deverá, no entanto, reduzir em 25% a quantidade de vagas voltadas para o consumo presencial, em especial o número de vendedores ante 2019.

Todas as unidades da Federação deverão apresentar menos oportunidades de empregos temporários no comércio varejista neste final ano. São Paulo (17,9 mil), Minas Gerais (8,33 mil), Rio de Janeiro (6,92 mil) e Rio Grande do Sul (6,02 mil) concentrarão mais da metade (55%) das vagas a serem criadas.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, mesmo impulsionado pelo e-commerce, o varejo ainda sente os efeitos das condições de consumo em meio à pandemia.

Contratações em novembro e dezembro


Segundo a CNC, até 2014, a temporada de oferta de vagas no varejo costumava ocorrer entre os meses de setembro e novembro. Entretanto, a partir da recessão econômica de 2015-2016 e da lentidão na recuperação do consumo desde então, o setor passou a concentrar cada vez mais as contratações de trabalhadores temporários nos meses de novembro e dezembro. Entre 2009 e 2014, 21% das vagas eram preenchidas até outubro. Contudo, nos últimos cinco anos, esse percentual passou para 13%.

Do ponto de vista da reativação do consumo, a segunda metade deste ano tende a favorecer as vendas e, consequentemente, as contratações voltadas para as datas comemorativas do semestre.

Neste ano, apesar da inflação baixa e dos juros básicos no piso histórico, o comportamento das vendas seguirá ditado pelo ritmo de regeneração do mercado de trabalho, pela evolução das vendas online e por medidas voltadas para mitigar os efeitos da recessão, como, por exemplo, o Auxílio Emergencial, informa a CNC.

Segmentos com vagas


Embora as lojas de vestuário e calçados respondam pela maior parte das vagas voltadas para o Natal, a oferta de 30,7 mil vagas neste segmento em 2020 deverá equivaler a pouco mais da metade dos 59,2 mil postos criados no ano passado, na medida em que esse ramo vem apresentando maiores dificuldades em reaver o nível de vendas anterior ao início da pandemia de Covid-19.

Lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e hiper e supermercados (13,4 mil), somadas ao ramo de vestuário, deverão responder por cerca de 82% das vagas oferecidas pelo varejo.

Salário médio e taxa de efetivação


O salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1.319, avanço de 4,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. O maior salário de admissão deverá ser pago pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação (R$ 1.618), seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$ 1.602). Contudo, esses segmentos deverão responder por apenas 7% das vagas totais a serem criadas.

A elevada incerteza quanto à capacidade da economia e do consumo em sustentar o ritmo de recuperação nos próximos meses deverá fazer com que a taxa de efetivação dos trabalhadores temporários após o Natal seja a menor dos últimos quatro anos – cenário distinto daquele observado até 2014 quando, em média, 30% dos trabalhadores temporários contratados costumavam ser efetivados.