Vendas do setor aumentaram 7,4% em maio, sobre abril, quando caíram 11,5% sobre março
As vendas dos supermercados surpreenderam em maio. Entre todos os segmentos da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, eles são o único a registrar alta sobre o mesmo período do ano passado. Segundo Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria, o resultado reflete um impacto maior que o esperado do auxílio emergencial e também o consumo menor de alimentos fora do domicílio.
As vendas dos supermercados aumentaram 7,4% em maio, sobre abril, quando caíram 11,5% sobre março.
“Foi a maior surpresa. O segmento já mostra volume de vendas acima do período pré-pandemia. O auxílio emergencial bateu forte na massa de renda ampliada, o que tem ajudado no consumo de gêneros de primeira necessidade”, afirma.
A massa ampliada disponível (que desconta o pagamento com Imposto de Renda e contribuições previdenciárias) cresceu 0,9% em maio na variação anual, diante do aumento da massa do Bolsa Família e da massa do INSS, com a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas, compensando a queda da massa de renda do trabalho.
Os resultados mais positivos dos supermercados devem continuar, diz Isabela, o que vai acarretar numa revisão para cima tanto no resultado do segmento para o ano quanto no do varejo. Atualmente, a estimativa da Tendências é de queda de 3,4% nas vendas dos supermercados em 2020, de recuo de 5,9% para o varejo restrito e de 9,3% no ampliado.
No caso dos bens duráveis, cujas vendas também saltaram em maio, a recuperação aos níveis pré-pandemia vai demorar mais por causa do impacto da crise sobre o mercado de trabalho, da retração do volume de crédito e da confiança dos consumidores, que deverão estar mais cautelosos. São fatores que devem afetar o varejo em geral nos próximos meses, diz Isabela. “O comércio varejista deve continuar em recuperação gradual, mas os volumes devem permanecer reduzidos, especialmente as vendas de bens duráveis”, prevê.