Em Destaque, Economia, Notícias · 05 abril 2021

Fonte: O Popular

Em tempos de maior arrocho econômico, por conta das restrições impostas pela pandemia do coronavírus, os chamados atacarejos (supermercados que mesclam os formatos de vendas no atacado e varejo) caíram no gosto do consumidor. Algumas destas redes do ramo já anunciaram a intenção de abrir novas lojas na capital e em cidades do interior do Estado, que deve receber, pelo menos, 11 novas unidades com este perfil até 2023.

Um levantamento da Nielsen mostrou que, em novembro do ano passado, enquanto os supermercados e hipermercados tiveram um aumento nominal de 8% nas vendas, na comparação com 2019, nos atacarejos esta expansão foi de 32,2%. Este desempenho expressivo tem motivado expansões das redes que atuam no segmento e Goiás se tornou um dos territórios para estes novos investimentos, tanto na abertura de novos pontos de venda, quanto na migração de supermercados e hipermercados para formato atacarejo.

Nos últimos três anos, o Costa Atacadão abriu cinco lojas em Goiás e já tem previsão para abrir outros cinco pontos de venda até 2023 na capital, em Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Rio Verde. No Distrito Federal, a rede já tem cinco lojas e pretende abrir mais cinco. A diretora executiva administrativa, Renata Márcia Câmara, lembra que é natural para o grupo goiano continuar investindo no Estado, que ainda tem muito a crescer.

Renata confirma que, nos últimos anos, o hipermercado perdeu espaço para o atacarejo e supermercado de vizinhança, fenômeno que deve continuar a acontecer. “Daí, a oportunidade de investir. Hoje vemos o consumidor fazendo a compra do mês no atacarejo e as compras de consumo semanal na loja de vizinhança”, explica.

O Atacadão registrou um crescimento de 23,2% nas vendas brutas no País. Atualmente, a rede conta com oito lojas de autosserviço no Estado e uma nova unidade será aberta nos próximos meses, nas antigas instalações do Makro, na Avenida Perimetral Norte. O vice-presidente do Atacadão, Marco Oliveira, informa que a meta é continuar com o plano de crescimento baseado principalmente na estratégia de expansão, com a abertura prevista de 20 novas lojas por ano. “Nossa penetração em Goiás será um dos pontos importantes para mantermos o crescimento do Atacadão. Além disso, teremos a conclusão da integração das 30 lojas do Makro adquiridas em 2020”, completa.

Migração

De olho na tendência dos atacarejos, a rede Bretas está migrando algumas lojas para este formato, possibilitando a venda em atacado e também em pequenas quantidades. No primeiro semestre deste ano, 28 lojas da rede estarão neste novo modelo: 12 em Goiás e 16 em Minas Gerais. Em Goiás, oito lojas já foram adaptadas para este perfil e quatro serão reformuladas.

De acordo com a assessoria da rede, Goiânia terá nove lojas Bretas atacarejo e duas serão na Região Metropolitana: no Bairro Cardoso, em Aparecida de Goiânia, e em Senador Canedo. A loja de Itumbiara também já tem este formato de vendas conhecido como cash & carry, mas também será reformulada. Para reforçar o conceito, o Bretas Atacarejo desenvolve a campanha de virada de marca “Certeza de Bom Negócio” e criou até um perfil exclusivo no Instagram para o consumidor acompanhar os preços destas lojas.

Em Goiás desde 2010, a rede Assaí Atacadista já conta com sete lojas no Estado, sendo uma em Anápolis, quatro em Goiânia, uma em Rio Verde e uma em Valparaíso de Goiás. O diretor regional do Assaí em Goiás, Mauro Peixoto, informa que, para este ano, a expectativa da empresa é dar continuidade ao plano de expansão e inaugurar até 28 novas lojas pelo Brasil, sendo uma delas na cidade goiana de Caldas Novas, que tem a previsão de inauguração no segundo semestre.

“O Estado de Goiás tem uma importância estratégica para o Assaí. O modelo de atacado de autosserviço tem se mostrado cada vez mais assertivo e resiliente e o cidadão goiano tem respondido positivamente ao nosso negócio”, justifica o diretor. De acordo com ele, o Estado também tem uma grande relevância por reunir os diferentes perfis de clientes atendidos pelo modelo de loja, desde pequenos e médios comerciantes até consumidores finais, que tiveram um aumento significativo de presença após a pandemia.

‘Goiânia é um mercado atraente’, diz empresário e consultor

Redes regionais de outros Estados também já estariam buscando parcerias em Goiânia e Região Metropolitana para instalarem novas lojas e disputarem uma fatia do mercado goiano. O modelo de atacarejo ganhou mais espaço nas compras do consumidor com a chegada da pandemia do coronavírus, quando muita gente teve a renda reduzida e passou a buscar preços melhores e a fazer compras maiores para ir menos vezes ao supermercado.

Para o empresário e consultor de Varejo, Geraldo Rocha, Goiânia é um mercado aberto e muito atraente. “O atacarejo introduziu na mente do consumidor o fator oportunidade, por ter um volume de compras maior e uma política de preços mais agressiva”, diz. O resultado é que redes especialistas no ramo, como Atacadão e Assaí, aproveitam o momento para se expandirem, ao mesmo tempo em que ocorre a migração de lojas de supermercado e hipermercado para este novo formato, como acontece com o Bretas. Antes, estas lojas ficavam mais às margens de rodovias, mas estão se tornando lojas urbanas, de vizinhança, localizadas em bairros adensados.

Já o presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Gilberto Soares, demonstra preocupação com esse maior fatiamento do mercado, que pode não comportar tantas redes, já que a população não cresce na mesma proporção que a abertura de novas lojas. Isso pode afetar, principalmente, os supermercados de vizinhança, que oferecem atendimento e serviços diferenciados.