Em Destaque, Economia, Notícias · 10 setembro 2020

Goiânia teve a segunda maior alta no custo de vida em agosto, com reajustes em produtos como carnes, arroz, pão e gasolina

Fonte: O Popular

Os reajustes nos preços de vários alimentos e dos combustíveis fizeram Goiânia registrar a segunda maior inflação do País no último mês de agosto. A alta do custo de vida da capital foi de 0,66%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, só ficou atrás de Campo Grande (MS), onde os preços subiram, em média, 1,04%. A inflação para o goianiense ficou bem acima da média nacional de 0,24% e foi puxada por aumentos nos preços de produtos como carnes, pão francês, arroz, leite, tomate e combustíveis.

Somente os preços no grupo de alimentos e bebidas subiram 1,5% em média, a maior alta do ano e a terceira maior do País. Os alimentos que passaram a pesar mais no bolso em agosto foram as carnes, lanches, pão francês, arroz e leite longa vida. Segundo o IBGE, o arroz acumula alta de 14,5% no ano e o leite longa vida já subiu 23% em 2020. Já a gasolina ficou 10,34% mais cara para os motoristas e o preço do etanol aumentou cerca de 7% no mês passado.

O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Gilberto Soares, conta que os grandes vilões de reajustes nas últimas semanas foram a carne bovina, arroz, óleo de soja e feijão. Segundo ele, somente o arroz e o óleo de soja já subiram mais de 60% nos últimos 40 dias, por isso devem continuar impactando a inflação em setembro. “Nos valemos de estoques antigos fazendo uma média de custos para não repassar tudo para o consumidor”, diz. 

Gilberto informa que como pequenos comerciantes têm tentado comprar nos supermercados maiores para revender, a saída tem sido limitar a quantidade de produtos por cliente para atender um número maior de pessoas. “O consumidor está tentando se adequar, trocando cortes de carne e comprando mais macarrão e batatas para reduzir o consumo de arroz, por exemplo”, conta. 

Para o proprietário do supermercado Ponto Certo, Wesley Beltrão, o consumidor pensa que a culpa é do supermercadista, que está aumentando os preços porque quer. Mas ele lembra que o fardo de arroz passou de R$ 97 para R$ 147, enquanto a caixa de óleo foi de R$ 79 para R$ 141. “Além disso, está difícil achar óleo para comprar. Estou vendendo óleo de estoque antigo por R$ 5,95, mas ele já está R$ 7,05 de custo”, destaca. Por causa do aumento das carnes, Beltrão informa que os clientes estão comprando muito mais frango. “Como a carne é um produto perecível, tivemos que reduzir a margem de lucro para evitar perdas”, garante.

Mais macarrão

O presidente da Abras, João Sanzovo Neto, disse ontem que os supermercados orientarão os clientes a substituírem o arroz pelo macarrão. A declaração foi feita após uma reunião com presidente Jair Bolsonaro, que tem pedido aos supermercados para reduzirem a margem de lucro em produtos da cesta básica. Ontem, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) retirou a tarifa de importação do arroz até o final do ano (leia mais sobre o assunto na página 10).

O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que o desempenho atual dos preços é resultado de uma combinação de dólar e exportações em alta e até do aumento no consumo interno. Uma das causas do maior consumo de alimentos seria o pagamento do auxílio emergencial, que chegou a 43% dos domicílios e ajudou a melhorar a renda per capita dos brasileiros mais pobres. “Na Região Norte, há locais onde ele chegou a 70% dos lares”, destaca.

Edson lembra que Goiânia ainda registra deflação de 0,25% no acumulado do ano, por conta de queda de preços em alguns produtos durante a pandemia. Foi o caso da gasolina, que teve uma significativa redução e, mesmo com as altas atuais, ainda registra queda de 5% no ano. “Mas as pessoas não acreditam nisso porque estão sendo impactadas pelos aumentos nos preços atuais de vários produtos essenciais, que pesam muito no orçamento”, diz. O Índice de Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, teve alta de 0,61% em agosto.