Em Destaque, Economia, Notícias · 05 junho 2020

Fonte: Abras

O Ranking Abras/Superhiper 2020, maior estudo do setor supermercadista do Brasil, foi lançando no início da noite desta quinta-feira (4), em webinar especial promovida pela Associação Brasileira de Supermercados. Apresentado pelo presidente da entidade nacional, João Sanzovo Neto, e pelo primeiro vice-presidente, João Galassi, o evento virtual contou com os maiores empresários do autosserviço do país e reuniu 2 mil espectadores. 

“Este ano, tivemos que nos reinventar e transformar nosso tradicional jantar nesse encontro virtual, que não deixa de ser especial, com a participação de tanta gente importante que nos ajuda a construir a história do setor supermercadista diariamente. Tantos empresários que passam por muitos desafios, crises econômicas, pandemias, e mesmo assim permanecem fortes e contribuindo para a evolução do setor supermercadista”, destacou o presidente João Sanzovo na abertura da webinar.


O presidente falou ainda da relevância dos dados do Ranking Abras/Superhiper apurados pelo Departamento de Economia e Pesquisa da ABRAS em parceria com a Nielsen. “Hoje é dia dividir com vocês os resultados de tanto trabalho e dedicação ao longo do último ano. 2019 foi muito significativo para o setor supermercadista, que registrou faturamento de  R$ 378,3 bilhões, um crescimento nominal de 6,4% em relação ao ano anterior (2,5% real). Fomos responsáveis por 1,8 milhão de empregos diretos, e uma geração de 28,7 mil postos de trabalho. Dados que mostram a força de um dos setores mais representativos da economia brasileira, responsável por 5,2% do PIB. É um orgulho para nós lançarmos mais uma edição histórica do Ranking em um evento diferente, mas não menos especial”.


Sanzovo lembrou ainda de todos que estão atuando nos supermercados brasileiros durante a pandemia da covid-19. “Não poderia deixar de lembrar e agradecer os nossos colaboradores que nos ajudam nessa jornada, e principalmente, nesse momento de pandemia, atuando na linha de frente dos supermercados que, por serem atividade essencial, têm sido fundamentais no abastecimento da população.”


O vice-presidente João Galassi também lembrou em seu pronunciamento o momento desafiador vivido por todo o setor supermercadista durante a pandemia da covid-19 e da necessidade de adaptação dos empresários para manter suas lojas funcionando, e da Abras na transformação do tradicional evento de lançamento do Ranking Abras/SuperHiper em um encontro online. “Essa noite temos uma dinâmica diferente, muito parecida com a dinâmica que tivemos que passar a pouco. Da noite para o dia tivemos que alterar todos os nossos protocolos e nossas lojas, e da noite para o dia nos adaptamos e conseguimos fazer com que toda cadeia de abastecimento pudesse atender os nossos consumidores.”


Premiações


As 20 maiores empresas supermercadistas do Brasil, que em 2019 somaram faturamento de R$ 197,2 bilhões, com suas 2.711 lojas pelo país, foram homenageadas pela Abras. O Carrefour manteve a 1ª posição no Ranking Abras/SuperHiper, com faturamento de R$ 62,2 bilhões no ano passado, seguido pelo GPA, com R$ 61,5 bilhões. Confira abaixo a tabela:

O Grupo Big, ex-Walmart, não forneceu os dados para o levantamento da Abras neste ano. A empresa era ranqueada na terceira posição entre as maiores do Brasil.

Apresentações


Durante a webinar de divulgação do Ranking Abras/SuperHiper aconteceram apresentações da Nielsen, GfK e Kantar, empresas parceiras da entidade nacional e destaque em inteligência de mercado no país.
O gerente de Serviços de Varejo Sênior da Nielsen, Daniel Asp de Sousa, trouxe dados detalhados da pesquisa, ressaltando a retomada significativa do crescimento do setor em 2019, influenciado pelo Cash & Carry (atacarejo), que segundo ele, é um canal com uma boa dinâmica de abertura de lojas e com posicionamento de preços desenvolvido em momentos de crise, e destacou também o canal supermercados como uma retomada importante no ano anterior.


O gerente da Nielsen falou ainda dos impactos da pandemia no mercado consumidor. “Vivemos momentos de preparação de despensa para a quarentena, o que gerou um consumo mais elevado do que estávamos acostumados. Ainda estamos em uma fase de vida restrita, com muitas pessoas dentro de casa, o Brasil é muito grande, e os picos da pandemia podem acontecer em momentos diferentes em cada lugar, e isso ainda poderá refletir no abastecimento. Embora o país esteja passando por um crescimento acelerado do desemprego, os reflexos disso no setor devem acontecer no segundo semestre. Assim como vivenciamos em 2015, 2016 e 2017, teremos que lidar com um consumidor com nível de renda mais apertado, que fará escolhas entre os canais e que precisará repensar a forma de lidar com o consumo dentro dessa realidade.”


Em sua apresentação, a diretora de Varejo e Clientes da Kantar, Deborah Maeda, ressaltou a consolidação do Cash & Carry na missão de reposição durante a pandemia. “O Cash & Carry passou a ser um formato mais frequente na escolha do consumidor, os supermercados de rede e canais de proximidade também estão ganhando importância no abastecimento.” Deborah mencionou estudo da Kantar sobre o comportamento de consumo na pandemia, que identificou os fatores mais relevantes na hora de escolher uma loja, destacando a proximidade com a residência e poucas pessoas no estabelecimento como os mais citados pelos entrevistados. Ela falou também do crescimento do mercado online durante o isolamento social, englobando todo formato digital (aplicativo, WhatsApp ou site de supermercados) como tendência que veio para ficar, por atender as expectativas de facilidade de uso e de pagamento, e qualidade de produto.


A diretora da Kantar encerrou sua apresentação sugerindo ações aos empresários que buscam oportunidades durante e no pós-pandemia. “Em curto prazo, criar ocasiões de experiências para o consumidor como segurança e menos tempo no atendimento. No médio prazo, trabalhar a lealdade do canal, o “bolso” do consumidor, as dinâmicas de comunicação voltadas à transparência e no atendimento humanizado. E no longo prazo, tentar reativar as inovações, pensar no sortimento ideal, preço, promoção, em como agir com esse novo consumidor pós-crise.”


O CEO da GfK, Felipe Mendes, iniciou sua apresentação destacando a importância de se estudar mais sobre os possíveis cenários que poderão ocorrer nos próximos meses. “O varejo vive de experiência, é importante desenvolver a cultura dos cenários para planejar melhor as novas ações e trabalhar a flexibilidade dos negócios.” Para ele, a incerteza será o “novo normal” daqui para frente. “A recessão e o desemprego são as principais preocupações durante a pandemia. Essa será uma crise de confiança, e o maior problema na queda da confiança é o atraso no consumo, com as pessoas adiando as compras. O desafio do setor será estimular essa confiança dos clientes todos os dias”. Mendes ressaltou que é momento de gerar oportunidades, citando o crescimento nas vendas dos eletrodomésticos e eletroportáteis durante a pandemia. “Embora muitas categorias de produtos tenham sofrido queda em suas participações, as dos liquidificadores, chapinha de cabelo, batedeira, melhoraram suas vendas. É um momento bom para aproveitar as oportunidades”, finalizou.