Dados de 2018 mostram que avanço do segmento dos supermercadista superou o comércio por atacado no ano. Em um ano, setor comerciário registrou alta de 0,3% do pessoal ocupado, apesar da queda de 2,2% na quantidade de empresas.
Dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas mostram que o segmento de hiper e supermercados foi o que gerou mais empregos em 2018, além de assumir a liderança na participação da receita líquida do setor comercial brasileiro.
A Pesquisa Anual de Comércio (PAC) trouxe os dados consolidados do setor em 2018. Naquele ano, havia no país cerca de 1,5 milhão de empresas do ramo comerciário, que empregavam 10,2 milhões de trabalhadores.
Na comparação com 2017, houve queda de 2,2% na quantidade de empresas do comércio no país. Também diminuiu e, 1,2% o número de lojas, expresso na pesquisa como “unidades locais com receita de revenda”.
Apesar disso, o número de pessoas ocupadas teve alta de 0,3%, o que representa um incremento de 28,8 mil empregados no setor na passagem de 2017 para 2018.
“O volume de pessoas ocupadas nessa atividade aumentou apenas 3,5%, mas é uma característica dos hipermercados ter um porte elevado de pessoas por empresa, então mesmo pequenos ganhos tornam-se grandes diante das demais atividades”, apontou a gerente de análise e disseminação do IBGE, Synthia Santana.
Varejo foi o que mais fechou empresas
A pesquisa divide as atividades comerciais em três segmentos: comércio de veículos, peças e motocicletas, comércio por atacado e comércio varejista. Entre 2017 e 2018, as maiores quedas no número de empresas foi observado no no varejo, com redução de 2% no número de unidades.
Das 10,2 milhões de pessoas ocupadas no comércio em 2018, 7,6 milhões (74,5%) estavam no varejo, 1,7 milhão (16,6%) estava no atacado e 894 mil (8,9%) eram empregados no setor de veículos. Em comparação com 2017, os três segmentos avançaram no número de pessoas ocupadas.
“Em 2018, o país ensaiava os primeiros passos em direção a retomada do crescimento econômico, baseado praticamente no consumo das famílias, o que é muito importante. Só que a gente percebe que essa retomada do crescimento tem sido bastante lenta”, destacou Synthia.
Receita do comércio
De acordo com o levantamento do IBGE, em 2018 a atividade comercial no país gerou R$ 3,7 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos as deduções, tais como cancelamentos, descontos e impostos) e R$ 613,5 bilhões de valor adicionado bruto.
O setor pagou R$ 237,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, mantendo a estabilidade da remuneração média das pessoas empregadas em empresas comerciais, que foi de 1,8 salário mínimo em 2009 e 1,9 em 2018.
A margem do comércio, definida pela diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas, chegou a R$ 817,5 bilhões em 2018. Desse total, o varejo foi responsável por 56,1%, o atacado por 36,5% e o comércio de veículos, peças e motocicletas por 7,4%.
Mudança estrutural
Ao analisar os dados do comércio entre 2009 e 2018, o IBGE identificou uma mudança na estrutura do setor, com alteração da participação na receita líquida do comércio entre as três principais atividades comerciárias no país.
Em 2009, o setor atacadista respondia pela maior parte da receita líquida do setor, sendo superado pelo varejista ao longo da década. Já o setor de veículos permaneceu na terceira posição do ranking, mas com perda significativa de sua participação.
A participação do comércio varejista na receita operacional líquida cresceu 4,4 pontos percentuais (p.p) em 2018 (45,8%) em relação a 2009 (41,4%). O atacado também subiu de 43,4% para 44,9% em 2018. Já o comércio de veículos, peças e motocicletas perdeu participação de 5,9 p.p na receita líquida, passando de 15,2% para 9,3% em dez anos.
Gráfico mostra a mudança estrutura da participação na receita líquida do comércio em dez anos — Foto: Reprodução/IBGE
Participação regional
O IBGE destacou ainda que, em 2018, entre as grandes regiões do país, o Sudeste foi responsável pela maior parcela da receita bruta de revenda, do número de unidades locais, do pessoal ocupado e dos salários, retiradas e outras remunerações. A região Sul aparece na segunda posição, seguida por Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
As posições se mantiveram inalteradas no período de dez anos, mas houve um movimento de desconcentração regional, com perda de participação do Sudeste e ganho do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Em 2018, o Sudeste gerou 50,3% da receita bruta de revenda e deteve 49,4% das unidades locais do país, contra 52,4% e 48,1%, respectivamente, em 2009. Já a receita bruta de revenda do Sul passou de 19,9% para 20,7%, apesar da queda em termos do número de unidades locais, de 23,1% para 21,6% do total. O Centro-Oeste também obteve um crescimento da participação, saltando de 9,0%, em 2009, para 10,0%, em 2018.
Ainda segundo a pesquisa, o Sudeste empregou a maioria do pessoal ocupado no comércio do país em 2018, com 51,6% do total, indicando estabilidade nos últimos 10 anos (51,7% em 2009). Já no Nordeste ocorreu um aumento da fatia em termos de pessoal ocupado, que passou de 16,4%, em 2009, para 17,0%, em 2018.