Apesar do número expressivo, setor encara com cautela alguns desafios, como modernização no processo de vendas.

O setor supermercadista goiano atingiu um faturamento de R$ 52 bilhões no ano passado, segundo projeção da Associação Goiana de Supermercados (Agos). O valor é 123% maior do que o do ano anterior, quando o setor tinha atingido R$ 21 bilhões em vendas.
O superintendente da Agos, Augusto Almeida, explica que os R$ 52 bilhões referem-se a 13,3 mil empresas goianas com Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE’s) correspondentes aos supermercados. Mas frisa que há diferença entre faturamento e o lucro real dessas empresas.
Para ele, a inflação é um fator com grande impacto. Os supermercados estão tendo que manter a margem de lucro baixas em grande parte dos produtos para não afugentar o consumidor.
“Algumas empresas que estiveram no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) no ano passado, não tiveram fôlego para responder esse ano, de tão desanimadas que estavam com esse resultado”, diz.
O levantamento deste ano da Abras contou com respostas de apenas 30 empresas goianas, contra 43 no ano passado. Elas declararam faturamento de R$ 10,4 bilhões em 2024. No levantamento anterior, com base nos resultados de 2023, o faturamento declarado somou R$ 3,7 bilhões.
Para Augusto Almeida, apesar do crescimento considerável, o resultado ainda não está bom e a vertente negativa se deve a certos produtos como o elevado preço do café, carnes e ovos, por exemplo.
Essência operacional
Para tentar reverter a situação, a Agos busca auxiliar as empresas do setor com criatividade e ferramentas que possam aprimorar o resultado. Entretanto, Augusto Almeida destaca que esse trabalho esbarra em problemas estruturais.
Um exemplo: modernização dos benefícios de alimentação dados pelas empresas. O dirigente da Agos explica que, atualmente, as operadoras de crédito que intermediam essas operações cobram taxas elevadas. O que, segundo ele, obriga os supermercados a arcarem com boa parte do custo para não perderem clientes.
“Precisamos de uma revisão. Essas empresas têm cobrado absurdos para intermediar essa operação. Se o supermercado não aceita estes cartões, perde uma parcela gigantesca de consumidores, geralmente trabalhadores que precisam desses benefícios”, diz.

Mão de obra
Augusto Almeida destaca também que a escassez de mão de obra ainda é um gargalo do setor. Segundo ele, de janeiro a fevereiro deste ano, o setor supermercadista goiano contratou 9,1 mil pessoas. Mas, somente na Grande Goiânia, ainda há mais de 6 mil vagas não preenchidas.
“Apesar da margem (lucro) pequena, o setor está crescendo, novas lojas estão sendo abertas. Mas enfrenta esse problema gravíssimo da disponibilidade de mão de obra”, afirma.
Tecnologia
Para tentar amenizar esse cenário, Augusto conta que os empresários estão recorrendo à tecnologia. Segundo ele, a aquisição de caixas automáticos para que o cliente possa passar as compras sozinhos é uma alternativa. “80% das empresas já estão no processo de aquisição ou já planejaram adquirir o self-checkout nesse ano”, diz.
“Nós temos treinado os nossos funcionários para gerar uma eficiência operacional maior. Nossos supermercados, principalmente de Goiânia, Rio Verde, Anápolis, Luziânia, já usam inteligência artificial para identificar hábitos do consumidor. Saber sobre quais os produtos que as pessoas estão consumindo mais, em quais os horários, para gerar mais vendas”, frisa.
Confira os 10 maiores supermercados em Goiás (em faturamento)
- GRUPO JC/COSTA ATACADÃO (R$ 7,3 bilhões)
- COMERCIAL REIS LTDA (R$ 820,7 milhões)
- SUPERVI DISTRIBUIDOR DE ALIMENTOS LTDA (R$ 394 milhões)
- SUPERMERCADO PRO BRASIL LTDA (R$ 318,7 milhões)
- G.S. COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA (R$ 314,8 milhões)
- CABRAL E MAIA LTDA (R$ 269,8 milhões)
- SUPERMERCADO MOREIRA LTDA (R$ 250,9 milhões)
- CENTRO COMERCIAL CONQUISTA LTDA (R$ 108 milhões)
- ALMB COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA (R$ 72,9 milhões)
- COMERCIAL W. A. LTDA (R$ 72 milhões)
Fonte: Empreender em Goiás, com informações de Abras