Expectativa reflete alta de preços de carnes, que aumentaram entre 5,38% e 9,16% em outubro
Fonte: Folha de São Paulo
Às vésperas do Natal, os preços de aves e suínos registraram em outubro as maiores altas desde o início do ano, segundo pesquisa da Apas (Associação Paulista de Supermercados). Na primeira categoria, a inflação chegou a 9,16%. Já os cortes suínos tiveram alta de 8,44%.
De acordo com a entidade, esses índices devem se repetir em dezembro e impactar produtos como peru e tender, típicos de fim de ano. O dado vem do IPS (Índice de Preços dos Supermercados), calculado pela Apas e pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), e aponta que a alta na carne de aves foi puxada, principalmente, pelo preço do frango, que subiu 9,51%.
Essa foi o segundo maior aumento mensal para a proteína, atrás apenas da alta de 21% observada durante a greve de caminhoneiros em 2018. Em outubro do ano passado, o produto havia registrado queda de 1,14%. No ano, as aves registram alta de 10,61%, e nos últimos 12 meses até outubro.
A inflação dos suínos foi impactada pelo corte de lombo com osso (alta de 11,97%). Entre agosto e setembro, o preço do item já havia disparado de uma alta de 1,81% para 14,36%.
A menor alta na categoria foi na inflação de costela suína (5,89%).
Os preços dos suínos subiram 48,03% nos 12 até outubro e 22,06% no acumulado do ano, segundo a Apas. Já a carne bovina bovina bateu recorde no acumulado dos últimos 12 meses (37,8%). No ano, os preços subiram 7,38%.
Os maiores aumentos registrados em outubro foram nos cortes de picanha (11,16%) e patinho (8,67%), que atingiram a maior alta do ano.
O preço da arroba do boi atingiu a R$ 292 na quarta-feira, o maior valor desde 1997 quando foi iniciada a série histórica, segundo o Cepea. As altas sucessivas da cotação indicam risco de mais pressões sobre os preços da carne.
O movimento é impulsionado pela oferta reduzida de animais e pela demanda por novos lotes para abate, especialmente para exportação de carne, que tem sido ajudada por um dólar forte que torna os negócios de commodities do Brasil ainda mais vantajosos.
A situação, em ano em que a soja, milho, arroz e outros produtos agrícolas também tiveram máximas no Brasil, pressionando a inflação, de certa forma frustra expectativas anteriores do governo brasileiro. Após a arroba bovina romper pela primeira vez R$ 200 em novembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro havia dito que a escalada era passageira.
O Brasil exportou 1,4 milhão de toneladas de carne bovina in natura entre janeiro e outubro, alta de quase 12% na comparação com igual período do ano passado, com a China abocanhando quase a metade do total.
Dados compilados pela consultoria Athenagro mostram que o preço médio da tonelada de carne bovina exportada passou de cerca de R$ 16 mil em 2019 para R$ 21.234 neste ano, alavancado pelo efeito cambial.