Em Destaque · 24 março 2022

No entanto, importadores encomendaram menos bacalhau para a data: procura caiu 17%

A valorização do real em relação ao dólar vai proporcionar uma Páscoa com maior diversidade de chocolates.

Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior, aponta que a importação de chocolates cresceu 8% esse ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

Na Páscoa do ano passado, o dólar custava R$ 5,70. Na terça-feira (22), a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 4,91.

Alimento símbolo da data, o chocolate vai contribuir para o aumento do volume de vendas do varejo na data, que deve ser de 1,9% em relação a 2021, já descontada a inflação.

O setor espera movimentar R$ 2,16 bilhões na data.

Mesmo que a projeção de alta se confirme, a movimentação ainda será 5,7% inferior à registrada em 2019, último ano com números sem impacto da pandemia de Covid-19.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, a importação de chocolates esse ano subiu 8% em relação ao mesmo período do ano passado, como explica Fabio Bentes, economista da CNC.

“O aumento das importações de chocolate é fruto de um momento cambial vivido pelo país, que não importa muito, até porque há importante produção nacional. É natural que haja aumento, por conta do ambiente de retomada da economia e por causa do custo unitário do chocolate, que é baixo e há várias opções de consumo. Nessas condições enfrentadas pelo país, é natural que essa seja uma Páscoa da lembrancinha”, afirma o economista.

Se a demanda por chocolate cresce, outro produto típico da data apresentou redução nas importações: a demanda brasileira por bacalhau caiu 17% em relação aos números de 2021.

De acordo com a CNC, o comportamento do mercado em relação às importações do doce e do peixe refletem uma tendência de consumo que aponta para aquisição de produtos mais baratos, em meio ao cenário de alta na inflação.

A cesta de produtos de Páscoa da CNC inclui oito itens, e praticamente todos estarão mais caros esse ano.

A variação média será de 7%, a maior desde 2016 (10,3%). A taxa será puxada, principalmente, pela alta de bolos (15,1%) e do azeite de oliva (12,6%) nos últimos 12 meses.

Segundo Bentes, a alta nos preços dos bolos já registra impacto da Guerra da Ucrânia.

O país europeu invadido é o sexto maior produtor mundial de trigo, enquanto o invasor ocupa a quinta posição.

No entanto, segundo o especialista, esse dado não justifica totalmente a elevação de preços aferida na consulta.

“O conflito impacta nessa conta, mas nós já estávamos em um cenário inflação alta, com forte inflação de tarifas, o que é muito difícil de controlar e que se espalha facilmente por toda a economia. Então, mesmo que não houvesse essa guerra no Leste Europeu, já teríamos um impacto bem relevante”, conclui Bentes.

Fonte: CNN