Em Destaque · 15 maio 2025

Mudanças em modelos de contratação e oferta de programas assistenciais são motivos apontados como pivô da demanda

O setor supermercadista goiano passa, atualmente, por uma espécie de “escassez” de mão de obra. Dados da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), mostram que, de janeiro a fevereiro deste ano, 9,1 mil pessoas foram contratadas para atuar em diversos estabelecimentos do ramo, no estado. A associação frisa, no entanto, que somente na Grande Goiânia há ainda cerca de 6 mil vagas não preenchidas. “O setor está crescendo, com novas lojas sendo abertas, mas enfrenta esse problema gravíssimo de disponibilidade de mão de obra”, afirma o superintendente da Agos, Augusto de Araújo Almeida.

O presidente da entidade, Sirlei Couto, frisa que a demanda perdura há mais de dois anos e associa a “escassez” aos programas assistenciais existentes atualmente. “Essas vagas estão abertas, não por falta de qualificação, porque a Agos dá toda a formação do colaborador que quiser trabalhar conosco. “Então, nós estamos precisando de pessoas que tenham força de vontade e queiram trabalhar em nosso setor”, pontuou. “Acredito eu que um dos gargalos do nosso setor, um grande problema seria o próprio governo federal, com o sistema de assistencialismo, que vem impedindo essa pessoa que ganha o benefício, de assinar sua carteira”, observou o presidente da Agos.

Couto destacou a importância do suprimento da demanda, visto tratar-se de um setor com suma importância à sociedade. “Geramos muito emprego. São mais de 1 milhão de pessoas que passam, todos os dias, em nossas lojas no estado de Goiás. Então, nós precisamos, sim, de mão de obra”, disse.

De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a escassez atinge, principalmente, funções como operadores de caixa, padeiro e açougueiro. Regime CLTOutra hipótese apontada é com relação ao regime CLT (regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho no Brasil), paralelo à chamada “pejotição”, onde o cidadão acaba optando por outras formas de trabalho, em que podem lucrar mais e definir sua própria carga horária.

“Hoje, o jovem não quer mais trabalhar no comércio e perder o convívio com a família nos finais de semana e feriados”, exemplifica o procurador jurídico do Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista de Alimentos no Estado (Secom-GO), José Nilton Carvalho.

Carvalho ressalta que, para atrair o interesse dos jovens para o comércio, em especial os supermercados, é fundamental que as negociações tragam vantagens na remuneração e melhorem as condições de trabalho. Atualmente, os trabalhadores das funções mencionadas ganham em torno de um salário mínimo e cumprem carga de oito horas diárias e 44 semanais.

Fonte: Diário de Goiás