Alta de preços impulsiona demanda por frango, ovos e ultraprocessados, opção condenada por nutricionistas
O primeiro semestre de 2022 marcou a mudança no perfil do carrinho de compras dos consumidores brasileiros nos supermercados. Com a alta de preços, o momento foi de uma maior procura pelos produtos substitutos.
Ovos, linguiça e frango apresentaram um aumento de presença na lista de compras, em relação ao mesmo período de 2021. Esses itens ocupam agora o espaço anteriormente destinado à carne vermelha, com consumo mais restritivo por conta do aumento de preços provocados pelo câmbio e pela inflação.
Os dados são de um levantamento da consultoria Horus feito exclusivamente para a CNN, a partir de uma base de dados com cerca de 500 milhões de notas fiscais. Os ovos foram o item com maior crescimento de procura: 1,2 ponto percentual, e estão presentes em 5,7% das compras – mesmo com alta no preço médio unitário, que passou de R$ 0,49 para R$ 0,54.
O primeiro semestre de 2022 marcou a mudança no perfil do carrinho de compras dos consumidores brasileiros nos supermercados. Com a alta de preços, o momento foi de uma maior procura pelos produtos substitutos.
Ovos, linguiça e frango apresentaram um aumento de presença na lista de compras, em relação ao mesmo período de 2021. Esses itens ocupam agora o espaço anteriormente destinado à carne vermelha, com consumo mais restritivo por conta do aumento de preços provocados pelo câmbio e pela inflação.PUBLICIDADE
Os dados são de um levantamento da consultoria Horus feito exclusivamente para a CNN, a partir de uma base de dados com cerca de 500 milhões de notas fiscais. Os ovos foram o item com maior crescimento de procura: 1,2 ponto percentual, e estão presentes em 5,7% das compras – mesmo com alta no preço médio unitário, que passou de R$ 0,49 para R$ 0,54.
Diretor de satisfação do cliente da Neogrid, empresa de tecnologia do mesmo grupo da Horus, Robson Munhoz aponta que o aumento de procura poderia ser ainda maior, porque há demanda pelo produto.
“A procura aumentou, por causa da busca pela substituição de carnes, mesmo com preços mais elevados. Com isso, há hoje uma demora maior para reposição dos estoques dos mercados. O produto não é encontrado em dois a cada dez mercados, embora o cenário não se enquadre como de escassez. Se houvesse maior oferta, as vendas seriam ainda maiores”, avalia o executivo.
O levantamento mostra ainda que o frango avançou meio ponto percentual e é a proteína mais presente nas listas de compras, com 10,8% de frequência.
A demanda por linguiça apresentou alta de 0,7 ponto percentual. O embutido foi encontrado em 5,8% das notas fiscais. A cesta de proteínas constatou ainda aumento de compras de carne suína e mortadela.
Nutricionista e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz), Cristiano Boccolini destaca que os ovos são a melhor opção para compra, em termos de valor nutricional, na impossibilidade de aquisição de carnes brancas ou vermelhas.
“São uma alternativa muito melhor, porque não têm aditivos, são produtos in-natura, e têm excelentes proteínas. Os ultraprocessados, como salsichas, linguiças, nuggets e hambúrgueres devem ser evitados, porque têm muita gordura, muito açúcar ou muito sal, quando não apresentam muito dos três problemas. Os ovos já foram considerados grandes vilões, mas hoje essa percepção não é considerada mais correta”, avalia o especialista.
Manobra para enganar a fome
O levantamento da Horus aponta ainda o aumento de consumo de biscoitos, snacks, salgadinhos e refrigerantes no mesmo período. Entre eles, os biscoitos, itens mais presentes, foram também os que apresentaram maior crescimento.
Com alta de 0,9 ponto percentual, alcançaram presença em 19,6% das compras. Já snacks e salgadinhos subiram 0,8 ponto percentual e estão em 7,9% cupons.
A pesquisa aponta que esses itens são considerados, em situações normais, de indulgência, e funcionam como recompensas que o consumidor se concede em momentos de dificuldades.
No entanto, em meio ao cenário de inflação e perda de poder de compra, e à redução dos salários iniciais daqueles que recuperam seus empregos, o especialista aponta para outro fenômeno.
“Há uma tendência de redução de consumo desses produtos, mas a demanda tem aumentado justamente nas faixas de renda mais baixa, o que nos leva a crer que essa seja uma opção para uso em substituição de proteínas, por consumidores que não estejam conseguindo comprar nem mesmo frango, linguiça, salsicha ou ovos. É um movimento que já aconteceu em outros momentos e, geralmente, ocorre nos pratos das crianças porque esses produtos são salgados”, conclui Munhoz.
Para Boccolini, os snacks representam um cenário ainda pior do que ultraprocessados como salsicha e linguiça e devem ser evitados.
“Eles não apresentam qualquer proteína na composição, não têm qualquer valor nutricional que possa ser aproveitado. Salgadinhos e biscoitos, doces ou salgados, são calorias vazias. Além da caloria que proveem, não oferecem nada, apenas más gorduras”, conclui o nutricionista.
Fonte: CNN