Em Destaque · 10 janeiro 2022

Euromonitor estima que a categoria movimentou R$ 80 bilhões em 2021

O lanche entre as refeições está abrindo o apetite da indústria de alimentos. Há razão para isso. O mercado de snacks – salgadinhos prontos e para consumo rápido – não para de crescer. Somente em 2021, a projeção da consultoria Euromonitor é de que a categoria tenha movimentado R$ 80 bilhões, 11% acima do que faturava há cinco anos. Para os próximos cinco anos, até 2026, a estimativa é de que as vendas cheguem a R$ 89,3 bilhões, um novo salto de 11,6%.

A Yoki, marca brasileira do grupo norte-americano General Mills, resolveu aumentar sua participação na categoria com pipocas prontas, um produto em que já era líder na versão in natura e para microondas, com 47,3% do mercado. A companhia lançou três sabores de pipocas salgadas já prontas.

A avaliação na Yoki é de que a categoria ainda não é tão disseminada no país e tem potencial para atingir novos públicos. De acordo com a empresa, em outros países a pipoca pronta já é mais consumida do que a de microondas ou a que é feita na panela. Um exemplo são os Estados Unidos, onde as pipocas movimentam US$ 3 bilhões, quase 10% do mercado de salgadinhos do país.

“O consumidor consome snacks tanto dentro do lar quanto fora. É um produto bem coringa. Com avanço da vacinação e a retomada das atividades, o mercado deve se aquecer mais”, diz a diretora de marketing da General Mills, Priscila Pizzano.

A aposta na pipoca pronta leva em consideração o fato do consumidor encarar o produto como um “snack sem culpa”, diz Pizzano. O produto da Yoki promete apenas 37 calorias por xícara.

O plano de marketing envolveu degustação pois o consumidor tinha receio de que a pipoca fosse murchar. Foram dois anos de pesquisa para desenvolver o produto e os técnicos chegaram a um milho diferente daquele que é feito no micro-ondas – ele tem mesmo casquinha quando é estourado na fábrica, em um sistema que usa ar. A companhia também tem investido em pesquisa e desenvolvimento dos grãos de milho para melhor resultado.

“Recentemente investimos em nossa fábrica de Pouso Alegre, ampliando em 30% nossa capacidade”, disse a executiva. Foram investidos R$ 12 milhões nessa fábrica de que só produz pipoca. Está funcionando desde o início de 2021.

A Yoki não é a única a apostar em snacks. A M. Dias Branco, tradicional fabricante de biscoitos, disputa esse mercado. “Não queremos ser a M. Dias Branco dos biscoitos”, diz Fábio Melo, diretor de marketing. O plano é transformar a Latinex, empresa comprada em setembro do ano passado, em um “player importante”.

Entre os produtos da Latinex estão os da marca Fit Food, de snacks saudáveis, e as batatas chips Tyrrell’s, importada e com sabores sofisticados como a de trufa negra – um pacote de 150 g custa cerca de R$ 25. “Tem valor agregado bastante importante, preço-médio alto e rentabilidade. É uma categoria de foco e crescimento expressivo.”

Produtos de maior valor agregado e com apelo de saudabilidade são duas tendências do mercado, diz Gregory Ribeiro, analista do setor de alimentos da Euromonitor. “Vemos também a crescente relevância de produtos plant-based e veganos.”

Para o analista, a volta mais à vida fora de casa deve mesmo favorecer o segmento, que conseguiu se encaixar à lista de compras para consumo dentro dos lares por meio das vendas on-line. “Itens embalados em pacotes individuais e também categorias de consumo por impulso devem ter demanda crescente neste retorno. São esperados lançamentos focando em formatos para esse consumo for matos para esse consumo fora de casa.”

Uma das líderes na categoria, a PepsiCo fez 16 lançamentos em 2021 e espera seguir em ritmo similar em 2022. “Hoje, vemos uma mudança de comportamento do consumidor, que está mais aberto ao consumo de snacks salgados. Isso representa uma excelente oportunidade para investir”, diz Cecília Dias, sua vice-presidente de marketing para snacks. Hoje, 55% da receita global da PepsiCo vem de alimentos, com os salgadinhos como carro-chefe. Até setembro o volume de vendas dessa categoria cresceu 3% na América Latina.

Fonte: Raquel Brandão, Valor