Em Destaque · 30 março 2023

Segundo especialistas, a queda no preço de alguns alimentos deve seguir pelos próximos três meses

O último levantamento mensal realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de fevereiro deste ano revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,84%. Contudo, em se tratando do grupo de alimentação e bebidas, verificou-se queda nos preços de alguns itens da cesta básica, como carnes e batata-inglesa.

Face a esse cenário, autoridades da economia e dirigentes de associações avaliam os impactos da queda de alguns alimentos para o setor de atacado e varejo. Na visão do presidente da Associação Goiana de Supermercados (AGOS), Sirlei Couto, o quadro é “ótimista”.

Além disso, os economistas Danilo Orsida e Tereza Fernandez apostam no comportamento do consumidor para ponderar os impactos da inflação e na “melhora” para o ramo de atacarejos no próximo trimestre, respectivamente. Os especialistas também explicam o motivo da queda nos preços de alguns alimentos.

Constatações

O IPCA é o índice oficial do Governo para monitorar a inflação no país e é calculado em 13 áreas urbanas do Brasil, por meio do levantamento de preços de uma cesta de produtos e serviços, a fim de compará-los com o mês anterior. Em Fevereiro, o IBGE estimou esse índice em 0,84% e ainda registrou deflação no valor das carnes (-1,22%), da batata-inglesa (-11,57%) e do tomate (-9,81%).

Em relação à carne, “essa redução de preços decorre da maior oferta, em especial a vermelha, no mercado interno. Considerando que, em razão de uma questão sanitária, essa carne não-exportada permaneceu no mercado”, explica Orsida. No início deste mês o Ministério da Agricultura informou que países como China e Tailândia suspenderam as importações de carne bovina, em decorrência de um caso de vaca louca no Pará, em fevereiro.

Previsões e ressalvas

Na avaliação de Fernandez sobre o ramo de atacado e varejo, “a expectativa é de dois, três meses com mais tranquilidade no preço da comida. Há entrada de safra, então isso pode contribuir”. A economista destaca “em compensação, o preço alto dos serviços e o retorno do ICMS. Não acho que a inflação vai derreter” e pondera que a mudança do câmbio pode refletir em uma alta no valor dos alimentos.

Para Orsida, observar a conduta do consumidor diante dos preços dos alimentos ajuda a compreender a dinâmica do ramo de supermercados. “A substituição é um comportamento natural do consumidor, como também a redução do consumo. Na medida em que esses preços sofrem variações e aumentos, o consumidor tende a reduzir a quantidade ou substituir o item, de modo a preservar o seu poder de compra”, argumenta.

Por isso, “em se tratando de um setor que está dentro dessa necessidade básica, é possível dizer que sofre menos do que outros, cujos produtos ofertados são tidos, pelo consumidor, como supérfluos”, prossegue. Dessa forma, os mercados e atacadistas se resguardam do impacto inflacionário, em comparação aos demais setores, como o entretenimento e o vestuário, conforme o especialista.

Já o presidente da AGOS afirma: “Nós – do supermercado, do setor de varejo – estamos otimistas em relação a essa ajuda para frear a inflação. Estamos otimistas para o ano de 2023”. Em contrapartida, Fernandez reforça que o setor de supermercados está passando por uma grande transformação. Quem está indo bem são os atacarejos, os supermercados estão mais pressionados”.

Fonte: O Hoje