Em Destaque · 22 dezembro 2025

Custo de alguns produtos, como verduras e frutas, recuou em relação a 2024, mas outros ficaram mais caros, caso de carnes e castanhas

O consumidor deve pagar menos por alguns produtos da ceia natalina neste ano. Supermercadistas apontam reduções nos preços de alguns produtos muito consumidos nesta época, como frutas de época, verduras e legumes, em relação ao Natal de 2024. Já os preços das aves natalinas estão estáveis, enquanto as carnes bovinas estão até 30% mais caras. Uma pesquisa do Procon Goiás mostrou uma variação de até 470% nos preços praticados, reforçando a importância da pesquisa de mercado.

A pesquisa da Gerência de Pesquisa e Cálculo comparou os preços de 92 itens usados no preparo da ceia natalina, como pêssegos, frutas secas, doces em calda, panetones, aves, carnes e bebidas, entre os dias 16 e 18 de dezembro. A maior variação foi encontrada no preço da nectarina, que estava custando R$ 7 em um estabelecimento e R$ 39,90 em outro. O preço do melão também chamou a atenção dos pesquisadores: custava entre R$ 2,49 e R$ 10,78, uma diferença de 333%.

O supermercadista Gilberto Soares, do supermercado Ponto Final, conta que vários produtos tiveram redução de preços, principalmente pelo recuo de 14% do dólar em relação a dezembro ano passado. “Tivemos recuo em embalagens e frutas secas importadas, que impactou também nos valores das nacionais”, destaca. Ele diz que está animado com expectativa de incremento de 15% nas vendas sobre o ano passado.

Um dos produtos que teve maior queda foi o arroz, com redução de quase 40% por conta do aumento da safra. Já as carnes suina e bovina, segundo Soares, estão com o mesmo preço do ano passado. “Estamos experimentando uma situação que espero que seja em todos os segmentos: muita gente comprando cestas de alimentos para doação, o que indica que as pessoas estão com mais recursos no bolso”, conta. Por isso, ele estima que mais alimentos para as confraternizações sejam vendidos.

O supermercadista informa que a laranja, que estava R$ 5,50 no ano passado, neste ano esta R$ 3,99. O preço da maçã gala caiu de R$ 16,50 para R$ 11,89. Ja a maça argentina está 47% mais barata. O preço do quilo do frango, que estava R$ 11,46 no Natal de 2024, neste ano está R$ 10,49, uma queda de 9,15%. “Panetones e aves natalinas, como peru e chester, estão praticamente o mesmo preço ano passado”, ressalta.

Outro exemplo é a manga Tommy, cujo quilo caiu de R$ 4,16 para R$ 2,80. “A ameixa nacional está 46% mais barata. Já a castanha está mais cara”, informa Soares. As cestas de alimentos para doação também estão mais em conta por causa da redução do dólar. “Até os sacos plásticos para embalar as cestas, por serem derivados do dólar, estão custando menos”, garante.

O proprietário do supermercado Faiçalville, Edvan Alves Martins, também concorda que muita coisa está mais barata, como nectarina, pêssego, cereja e morango. Segundo ele, a queda foi de cerca de 20% a 30% sobre o ano passado. “Nesta semana, até estranhei os preços. Alguns hortifrutis estão mais baratos, como cebola, tomate e abóbora”, afirma. Já as carnes bovinas subiram de 20% a 30% em relação ao ano passado, enquanto as aves natalinas mantiveram os preços.

Ele espera um bom movimento de clientes na véspera do Natal, porque a tendência é deixar para última hora. “Antecipamos as compras e reforçamos o estoque para a data, com a exceção de perecíveis, garante. A estimativa é vender 20% a 30% mais que ano passado.

José Elias de Paula, do supermercado Super Zé, acredita que muitos produtos não tiveram variação de preços do ano passado para cá. “Muitos fornecedores estão fazendo promoções e nós lojistas também”, afirma.

Segundo ele, um produto que o estabelecimento não deve vender neste Natal são as tradicionais uvas na caixa de madeira, que ficaram muito caras, “Estão custando R$ 60 de custo e ninguém vai querer pagar R$ 80. Se não vender, o prejuízo é muito grande porque ela perde rápido”.

Já as frutas estão com o mesmo preço que ano passado, enquanto a carne bovina e a cerveja subiram até 30%, assim como o refrigerante, que está mais caro desde a ceia do ano passado. “Acho que a compra das familias foi reduzida, pois os volumes estão menores. Não se faz mais aquelas grandes festas com toda a família, pois muitas estão fazendo suas ceias mais intimas. Por isso, a tendência é comprar aves de Natal e peças de pernil menores”, acredita o supermercadista.

Para Suail Alcântara, do supermercado Store, alguns itens tiveram reajuste, mas só para reposição da inflação. Mesmo assim, as promoções ajudam a ajustar os preços para um equilibrio em relação ao ano anterior. “Quanto mais perto do Natal, mais as ofertas ajudam a equilibrar”, avalia.

Segundo ele, as aves tiveram reajustes, ja as frutas dependem de fatores, como a safra, e estão muito próximas do que era praticado ano passado. Alcântara concorda que a venda da caixa de uva está impraticável por conta do alto preço. “As familias se reúnem no clima natalino e sempre apertam um pouco o orçamento para manter as confraternizações”, acredita. A estimativa é de grande movimento nos próximos dias 22 e 23.

Para Camilla Naves Martins David, do Arroba Supermercado, a estimativa é de um Natal com preços mais equilibrados. Segundo ela, alguns produtos tradicionais da ceia natalina, como aves, panetones e frutas da época, tiveram melhor oferta e planejamento de compras, neste ano, o que ajudou a segurar reajustes. “Em itens importados ou premium, como bacalhau, azeites e castanhas, há pressão de custos e logistica”, destaca.

A empresária alerta que o consumidor encontra boas oportunidades nas lojas, principalmente com promoções e antecipação das compras, o que torna a ceia mais acessivel. “As nossas compras foram mais programadas porque, quando a gente consegue comprar um volume maior, evita a falta ou o excesso do produto, o que ajuda a segurar o preço e melhora a oferta na gondola para o consumidor”, avalia. Graças ao planejamento, a loja está trabalhando promoções em compras de produtos natalinos. A estimativa è de um crescimento de 10 a 15% nas vendas deste mês em relação ao ano passado.

Pesquisa

Henrique Teixeira, coordenador da Escola Estadual de Defesa do Consumidor, conta que a primeira coisa que chamou atenção na pesquisa foi a diferença de quase seis vezes nos preços de alguns produtos, como nectarina e melão amarelo. Nos espumantes, a diferença encontrada foi de quase três vezes para rótulos da mesma vinicola. “Isso vale para cestas natalinas ou chocottone, que tiram quase o dobro de uma loja para outra.”

Por isso, o consumidor deve pesquisar antes do Natal e buscar as melhores ofertas, o que pode ser feito pela internet ou pelos aplicativos das redes de supermercados. “Compensa pesquisar porque as variações foram muito expressivas. Além disso, muitos supermercados de médio e pequeno porte podem ter preços até melhores que os grandes”, alerta Teixeira.

Fonte: O Popular

Foto: Wildes Barbosa/O Popular