Em Destaque · 07 julho 2025

Soluções com inteligência aritficial são usadas para otimizar tarefas e aumentar a eficiência, elevando a produtividade em até 80%

Pequenas e médias empresas estão aderindo, cada vez mais, a ferramentas com inteligência artificial (IA) para tornarem suas operações mais eficientes. Especialistas alertam que soluções simples e acessíveis, como algumas existentes no ChatGPT, já podem auxiliar no dia a dia dos pequenos empresários. Um sistema desenvolvido por uma empresa goiana também promete economia de tempo de até 83% na realização de tarefas, o que resulta em mais produtividade e lucros.

A solução da plataforma goiana de gestão empresarial SuasVendas, nomeada de SilvIA, foi pensada para facilitar a vida de empresários e representantes comerciais. O aumento na produtividade foi calculado simulando tarefas feitas via computador e celular, comparado ao mesmo processo feito utilizando a SilvIA pelo WhatsApp. Vítor Nogueira, cofundador e CEO do SuasVendas, conta que a empresa é especialista no desenvolvimento de softwares para gestão de empresas nas áreas de vendas, finanças, controle de estoque e e-commerce.

Para ele, a chegada da IA mudou muita coisa, principalmente como ver processos e lidar com o futuro da mão de mão-de-obra qualificada, que está escassa, além de garantir a rentabilidade do negócio, através de soluções para gargalos onde ele está perdendo oportunidades. “Filtramos o que é aplicável para empresas, pois muita coisa no mercado faz muito barulho, mas não é aplicável”, alerta. As soluções são mais procuradas por pequenos e médios negócios.

A íntegra a inteligência artificial ao WhatsApp e permite acesso a informações em tempo real, o que pode apoiar a tomada de decisões com base em dados, além de possibilitar a interação por voz ou imagem diretamente com os sistemas da empresa. Como a plataforma é modular, há empresas que usam ferramentas de gestão de venda, por exemplo, enquanto outras optam pela distribuição e controle de estoque. “As indústrias automatizam suas forças de vendas. Elas têm vendedores na rua e precisam receber os pedidos que eles fazem de forma mais automatizada, reduzindo o trabalho humano e deixando mais eficiente”, destaca o empresário.

Ele ressalta que a IA comercial também melhora a previsibilidade de vendas para clientes novos e antigos, baseada no comportamento de compras de cada um. “A empresa pode saber quando está na hora de um cliente comprar, avisa quando outro não compra há um certo tempo e mostra as preferências de cada um deles”.

Para Nogueira, muitas empresas estão percebendo que este é um caminho sem volta, mas outras ainda travam quando assunto é tecnologia, que muitas vezes é cara e inacessível, e preferem ignorar o momento. “As ferramentas tornam tudo mais simples para as pequenas empresas. Ignorar pode custar sua permanência no mercado”, adverte.

Ele informa que a empresa tem soluções a partir de R$ 99 mensais e que trazem um bom retorno na melhora da eficiência da empresa. Com elas, é possível fazer controle de receitas, gastos, vendas e agenda, podendo acessar as informações conversando com a IA, que responde imediatamente. “Muitas vezes, a pessoa está na rua e não tem como usar o computador para fazer algum registro. A tecnologia entende áudio, texto e imagem”, explica o empresário, que atende mais de 3 mil empresas no Brasil todo.

A procura pelos serviços cresce cerca de 20% a 25% ao ano. “A IA permitiu uma maior inclusão dos pequenos negócios na tecnologia, mas ainda tem muita empresa fora destas soluções”, alerta. Renato Ribeiro, sócio proprietário da VarejoIN Comunicação e marketing, é um dos clientes da plataforma e utiliza a IA para fazer inteligência de negócios, através de uma ferramenta que trabalha com modelos estatísticos e indicadores de resultados e de operações.

A maior vantagem, segundo ele, é que a tomada de decisão fica mais rápida e a gestão do negócio mais eficiente. “Utilizo a IA há um ano, que foi incorporada pelo sistema. É um investimento de que vale muito a pena. O custo é bom e atrativo, perante mediante outras soluções do mercado”, avalia. Quatro empresas utilizam as soluções e ele paga R$ 1,2 mil mensais. “Se quero entender melhor a perspectiva do cliente em relação a meus produtos, o sistema entrega uma base de dados que mostra há quanto tempo ele não compra, seus produtos e canais de compra preferidos”, destaca.

A IA também indica os clientes mais e menos rentáveis para a empresa, as regiões mais atendidas, os produtos mais demandados, etc. Tudo pode ser visto em uma mesma tela ao mesmo tempo. Estas análises ajudam Ribeiro a enxergar melhor sua carteira de clientes e a impulsionar suas vendas.

Na parte de gestão, a ferramenta também mostra toda parte de fluxo de caixa e controle de contas a receber e a pagar, cruzando estas informações com o estoque para a empresa saber o momento certo de fazer os pedidos. “Isso facilita muito a gestão operacional da empresa, que fica mais eficiente ao tomar decisões mais rápidas, evitando rupturas de estoque e auxiliando na logística”, explica o empresário, com unidades em Goiás, Ceará e Minas Gerais.

Varejo

A IA também chegou com força no varejo, como nos pequenos supermercados. Uma pesquisa apresentada pelo portal Fortune Business Insights indica que a inteligência artificial no mercado de varejo deve crescer de US$ 7,14 bilhões em 2023 para US$ 55,53 bilhões em 2030.

O superintendente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Augusto Araújo de Almeida, conta que há empresas em vários estágios de implementação. Ele lembra que, na área de logística, centros de distribuição já têm robôs controlados por IA que aumentam a velocidade de separação de produtos, reduzindo o tempo de entrega das mercadorias.

Almeida ressalta que a precificação é uma das áreas mais delicadas no varejo e a IA ajuda a identificar qual o melhor preço de cada produto e para clientes de regiões específicas, que têm hábitos diferentes de consumo. “Já temos até etiquetas digitais ligadas em rede, que ajudam na realização de promoções relâmpago, por exemplo”, conta.

Outra aplicação é no combate às rupturas. “Às vezes produto não está mais na gôndola, mas ainda está disponível no estoque. Hoje, há soluções de IA que monitoram as prateleiras, mandando aviso para o estoque para fazer a reposição no momento certo”, explica.

Câmeras com reconhecimento facial que utilizam a IA também já reconhecem até movimentos de clientes em determinados locais da loja para determinar a necessidade de uma melhor disposição de produtos nas gôndolas e até no combate de fraudes e furtos.

“Já temos estas ferramentas em muitas lojas de Goiânia, inclusive nos supermercados menores”, conta o superintendente da Agos. Entre todas as perdas gerais dos estabelecimentos, 20% são decorrentes de furtos, o que entra no custo da empresa e reduz sua competitividade.

A tecnologia da IA também já chegou ao checkout das lojas. Almeida lembra que algumas lojas da capital já contam com carrinhos de compras que fazem reconhecimento dos produtos comprados para o checkout automático para o cliente, o que reduz muito as filas e acelera o atendimento. “Mas, infelizmente, pouca gente usa porque muitos ainda têm uma certa desconfiança em relação a esta tecnologia. Mas a tendência é aumentar”, prevê.

Fonte: O Popular