Em Destaque · 03 agosto 2022

Quando a Covid-19 exigiu que quem tivesse condições ficasse em casa para evitar possíveis contaminações, o delivery se tornou uma ferramenta essencial no dia a dia, tanto nos pedidos de refeições, quanto nas compras do supermercado e nos itens de farmácia. As vacinas chegaram, e muitas atividades foram retomadas, mas a comodidade das entregas continuou para muita gente — e cada vez mais rápidas.

Os pedidos de comida têm sido menos procurados, respondendo por apenas 20% do faturamento do setor. No auge do isolamento social eram 80% das vendas, como mostram dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) antecipados pelo jornal “Valor Econômico”. Enquanto isso, as compras à distância nos mercados e nas farmácias continuam ganhando adeptos de olho nos menores prazos de entrega.

Um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmacias (Abrafarma) revela que, em 2020, as entregas aumentaram 137%, na comparação com o ano anterior. Já em 2021, a procura por delivery continuou aumentando, e cresceu 57% em relação ao primeiro ano da pandemia. Somente nos primeiros sete meses de 2022, o faturamento do setor com as entregas já passa dos R$ 1,2 bilhão, 45% do total do ano passado. Nos supermercados, o cenário não é muito diferente.

— O delivery veio para ficar, e estamos aprimorando a logística. Há supermercados que já têm faturamento em delivery equivalente a uma grande loja — estima Fábio Queiroz, presidente da Associação de Supermercados do Rio (Asserj).

Com a demanda por rapidez, plataformas como iFood e Rappi lançaram opções de delivery em menos tempo. Outras empresas, como a Daki, investem apenas nessa modalidade de ultraconveniência. Para isso, as companhias distribuiram pelas cidades minicentros de distribuição, as chamadas de “dark stores”. Nesses espaços é feito o armazenamento, a separação e o envio dos produtos que são entregues em perímetros curtos, possibilitando o delivery em até 15 ou 30 minutos.

— Pessoas recorrem ao Turbo porque se esqueceram de comprar algo; estão dando uma festa e tem mais gente do que o planejado; ou porque decidiram testar uma receita de última hora — conta Eric Dhaese, diretor geral da Turbo, da Rappi: — Alguns são pais de crianças pequenas, que pedem de fraldas até fórmula infantil.

Rapidez também nos pequenos

Na casa da supervisora logística Maria Aparecida Grandinetti, de 51 anos, poucas são as compras feitas presencialmente. A moradora de Irajá, na Zona Norte, já tinha o costume de pedir itens de farmácia e alguns produtos de supermercado para entrega em casa, mas a possibilidade se expandiu na pandemia. No delivery — seja nos apps ou via telefone dos comércios de bairro — bom preço e entrega rápida caminham juntos:

— A agilidade é muito importante. Claro que tem uma diferença da compra presencial, mas encontro várias promoções que às vezes saem mais em conta. Faço os pedidos ainda do trabalho, o que facilita muito a rotina. E mesmo com a taxa de entrega, vale pela minha minha comodidade.

A rapidez nas entregas não fica restrita às grandes redes de supermercados ou às “dark stores” dos aplicativos de entrega. Pequenos mercados de bairro, que viram a demanda por entregas crescer substancialmente na pandemia, também se adaptaram e investem cada vez mais no nicho, que representa parte importante do faturamento.

No mercado Merko, na Tijuca, cerca de 60% das vendas já são via delivery. Para dar conta dos pedidos em no máximo uma hora, cinco dos 20 funcionários atendem os clientes por telefone e WhatsApp, e outros oito fazem as entregas, de bicicleta ou de moto. Os produtos mais vendidos são, geralmente, os que estão em oferta no dia, e a maioria dos clientes é idosa. O mercado planeja lançar, no próximo mês, um aplicativo e um site para captar clientes mais jovens.

— O mercado funciona muito mais como um centro de distribuição, mas é difícil brigar com os grandes. Prefiro ter uma equipe própria de entregadores e treiná-los para o dia a dia. Com agilidade e atendimento mais próximo e personalizado, fidelizamos o cliente — diz Érick Freitas, dono do negócio.

Na casa da supervisora logística Maria Aparecida Grandinetti, de 51 anos, poucas são as compras feitas presencialmente e no delivery, seja por apps ou pelos telefones dos comércios do bairro. Para ela, bom preço e entrega rápida caminham juntos:

— A agilidade é importante. Faço os pedidos ainda do trabalho, o que facilita muito a rotina. E mesmo com a taxa de entrega, vale pela minha minha comodidade.

Para entregadores, mais comodidade

Para os entregadores, que convivem com um dia a dia pesado de pedidos e há tempos reivindicam melhorias — como mudanças na forma de remuneração —, as modalidades de entrega expressa têm vantagens.

Em algumas plataformas, a tarifa paga nas entregas em até 15 minutos, a partir das “dark stores”, é um pouco maior do que as de entregas convencionais. Além disso, esses espaços garantem uma infraestrutura mínima para os trabalhadores, como banheiro, água e tomada para carregar o celular — detalhes que fazem falta em rotinas que, às vezes, passam das 12 horas de trabalho.

— É mais vantajoso porque consigo fazer mais entregas e na mesma área, sem precisar me deslocar muito. E entre um pedido e outro, não fico gastando combustível — diz José Willian Lana, que trabalha na área de Vila Isabel.

Para os profissionais, no entanto, é preciso que as plataformas desenvolvam formas de gerenciar melhor as entregas mais pesadas, inviáveis para quem trabalha de bicicleta, por exemplo:

— Esses dias recebi um pedido de 36 litros de leite. Seria mais fácil se fosse para alguém que trabalha de moto — diz Tiago Ferreira.

Fonte: Extra