Em Destaque · 04 abril 2022

Da guerra na Ucrânia ao petróleo, soma de fatores fará brasileiro pagar mais pelo chocolate em 2022

Em meio a aumentos generalizados, reflexo da guerra no Leste Europeu, da alta do petróleo e de uma inflação acumulada de 10,79% nos últimos 12 meses, o consumidor também vai pagar mais caro pelos ovos de Páscoa nos supermercados. Eles encareceram, em média, de 12% a 15% em 2022, em relação ao mesmo período do último ano, estima a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

E, ainda que haja opções mais baratas, quem recorrer aos ovos artesanais não vai escapar dos reajustes. Os confeiteiros vão compensar a inflação dos insumos repassando os custos para o consumidor.

O vice-presidente da Abras, Márcio Milan, argumenta que uma série de aumentos na cadeia produtiva da Páscoa justificaria o preço mais elevado dos ovos de chocolate neste ano. “A produção envolve uma cadeia extensa. O cacau subiu, o leite subiu, o açúcar subiu, as embalagens subiram. Também há os outros fatores de produção, como a energia elétrica, os combustíveis e a própria mão de obra”, lista.

O aumento é generalizado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE), bombons e barras de chocolate sofreram uma inflação de 10,74% nos últimos 12 meses, considerando os dados de fevereiro,

Expectativa

Mesmo com a alta nos preços, os supermercados esperam um consumo 5% maior nesta Páscoa, na comparação com 2021, quase alcançando patamares de 2019, antes da Covid-19 e do aprofundamento da crise econômica. Afinal, esta será a terceira Páscoa sob a pandemia, só que em um momento de flexibilização, quando a tradição da data pode falar mais alto.

Quem passa pelos mercados também pode ter notado que algumas parreiras de ovos estão menores neste ano. Segundo o vice-presidente da Abras, a diminuição das estruturas é estratégica, para diminuir perdas. “A embalagem dos ovos tem um custo para deixá-los mais apresentáveis, mas na parreira a pessoa precisa tirá-lo do alto, pode quebrá-lo, não coloca no lugar, e esse ovo ou vai para promoção ou é devolvido à indústria. A tendência, hoje, são outros tipos de exposição”.

Coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, Solange Medeiros acredita ser melhor investir nos ovos artesanais e movimentar a produção local. Ela condena os produtos industrializados que usam brindes como chamariz de consumo. “Não vá comprar um ovo de R$40 se não puder. Duas barras de chocolate custam R$ 9. Embrulhe bem. O importante é a lembrança”.

Confeiteiros também repassam os custos em ovos artesanais

Na loja de cursos e material de confeitaria Maria Chocolate, as primeiras formas a acabar neste ano foram as de ovos de 50 g, que antes sobravam, afirma a gerente comercial Ana Paula dos Santos. “Estou no limite do meu estoque de ovos de 250 g e 350 g. Não vai faltar ovo na Páscoa, mas vai ser de lembrancinha”.

Ana Paula argumenta ser inevitável que os ovos artesanais também tenham os preços reajustados, já que, assim como na indústria, tudo aumentou de preço, do chocolate às embalagens. “O diferencial do ovo artesanal não vai ser o preço, mas a qualidade”.

O carro-chefe das vendas de Páscoa da confeiteira Larissa Braga (@laridoce), 34, Kinder, Ninho e Nutella, de 390 g, subiu de R$ 69,90 para R$ 79,90. “Tive que fazer um reajuste, mas, para não perder vendas, diminuí minha margem de lucro. O investimento em produtos com boa saída e naqueles de tíquete médio mais baixo, em que a venda vai ser maior, fará com que consigamos chegar próximo do cenário de antes da pandemia”, pontua.

A confeiteira Camila Aganett (@docemilla_), 40, chegou a dobrar o preço de produtos mais baratos devido à alta dos insumos. “Mas a expectativa é sempre boa, porque acredito que faço a minha parte, e o cliente vem. Tenho clientes que investem menos ou mais na Páscoa, então o cardápio tem que ser diversificado para atingir a quantidade máxima”.

Contratações

A indústria do chocolate abriu cerca de 8.500 vagas temporárias de trabalho nesta Páscoa, tanto nas fábricas quanto em pon- tos de venda, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab). Foi uma redução em relação à estimativa de abertura de 12 mil postos feita em 2021 pela entidade.

Fonte: O Tempo