Nos últimos dez anos, o setor supermercadista tem enfrentado uma série de desafios e mudanças significativas no modelo de trabalho. Existe um considerável número de vagas ofertadas, mas não há mão de obra suficiente para atender a demanda. Estas transformações são impulsionadas por diversos fatores, que vão desde as políticas assistenciais até as mudanças nas preferências das novas gerações de consumidores e trabalhadores.
Com as recentes alterações na legislação trabalhista, muitos profissionais têm optado por abrir seus próprios negócios e se tornarem microempreendedores individuais (MEIs) em vez de permanecerem no regime CLT. Esse movimento é impulsionado pela busca por maior autonomia, flexibilidade e, muitas vezes, por um potencial de maior remuneração. No entanto, isso tem gerado uma escassez de mão de obra em setores cruciais dos supermercados, como estoquistas, repositores, caixas, açougueiros e padeiros, entre outros.
A dificuldade em encontrar e reter trabalhadores qualificados para essas posições é um dos maiores desafios enfrentados pelos supermercados atualmente. Muitos dos empregos oferecidos não correspondem às expectativas salariais e de condições de trabalho dos profissionais disponíveis no mercado, agravando ainda mais essa escassez.
Uma das grandes inovações no setor de supermercados é a implementação de sistemas de autoatendimento. As novas gerações, especialmente os millennials e a geração Z, demonstram uma forte preferência por tecnologias que lhes permitam maior autonomia e rapidez nas suas compras. A inteligência artificial e os sistemas de self-checkout têm se tornado cada vez mais populares, substituindo a necessidade de funcionários em algumas funções. Esse movimento, por um lado, alivia a pressão da escassez de mão de obra, mas, por outro, exige um investimento significativo em tecnologia e treinamento.
As novas gerações trazem consigo um comportamento de consumo e trabalho bastante diferente das anteriores. Elas valorizam a rapidez, a eficiência e a interação mínima com atendentes humanos, preferindo soluções automatizadas e digitais. Ao mesmo tempo, no campo profissional, buscam empregos que ofereçam flexibilidade, um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e oportunidades de crescimento e desenvolvimento.
O setor supermercadista está em meio a uma transformação profunda, impulsionada por fatores econômicos, sociais e tecnológicos. Para enfrentar esses desafios, é fundamental que os gestores e empresários do setor compreendam essas mudanças e adaptem suas estratégias de contratação, retenção de talentos e atendimento ao cliente. Investir em
tecnologia, oferecer melhores condições de trabalho e entender as expectativas das novas gerações são passos cruciais para garantir a sustentabilidade e o sucesso dos supermercados no futuro.
O desafio hoje não é apenas vender, mas conseguir atender adequadamente o cliente.
Sirlei Antônio do Couto, supermercadista e presidente da Associação Goiana de
Supermercados (Agos)