A inflação já mostra impacto na receita das atividades de supermercados e de venda de combustíveis, aponta a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) relativa a agosto. As vendas desse segmento tiveram desempenho pior no oitavo mês do ano, em comparação aos dois meses anteriores.
No caso de combustíveis e lubrificantes, houve queda de 0,7% na receita em agosto, após altas de 1,2% em junho e 1,9% em julho. Já a receita do setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve alta de apenas 0,3%, que se segue a aumentos de 1% em junho e 1,4% em julho.
“Hiper e supermercados, assim como combustíveis e lubrificantes, vêm sendo impactados pela escalada da inflação nos últimos meses, o que diminui o ímpeto de consumo das famílias e empresas”, segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), Cristiano Santos. “A receita nominal de hiper e supermercados ficou perto de zero e a de combustíveis recuou 0,7%. Houve efetivamente um gasto menor das famílias na passagem de julho para agosto”, explica Santos.
“O cliente está gastando menos em termos reais no supermercado do que gastaria anteriormente. Em alguns produtos, pode ter efeito substituição. Deixa de comprar o arroz e o feijão de uma marca para comprar de outra, pode trocar uma carne por outra. Mas acaba tendo no seu orçamento alguma margem para comprar menos também. O que temos são três meses de queda real na receita das empresas desse setor”, afirma ele.
Os efeitos também aparecem no volume de vendas. O segmento de combustíveis e lubrificantes recua há três meses seguidos (-0,8% em junho, -0,7% em julho e -2,4% em agosto), enquanto em hiper e supermercados houve recuo de 0,5% em maio, estabilidade em junho e retração de 0,9% em agosto.
Impacto da Covid cai
Por outro lado, o efeito da pandemia sobre o comércio continua caindo. A parcela de empresas que citaram impacto da covid-19 na receita de vendas é a menor desde dezembro de 2020. O percentual ficou em 3,4% em agosto, o mais baixo desde os 3,5% de dezembro de 2020. “Chegamos a ter mais da metade das empresas afetadas pela covid-19”, lembra o gerente da pesquisa.
O acompanhamento tem sido feito pelo IBGE desde março de 2020, mês que marcou o início das restrições nas atividades não essenciais no país em função da pandemia. Em agosto, dentre as empresas que preencheram o questionamento sobre justificativas para explicar a receita, 3,4% citaram a covid-19.
Esse percentual chegou a ser de 63,1% em abril de 2020 – maior nível de toda a série –, com mais da metade das empresas afetadas. A partir daí, apresentou trajetória descendente até dezembro de 2020, com taxas de 44,5% (maio), 32,9% (junho), 26,4% (julho), 21,3% (agosto) 11,1% (setembro), 9,7% (outubro), 5,9% (novembro) e 3,5% (dezembro).
Em janeiro de 2021, no entanto, voltou a avançar – inicialmente com influência do Amazonas, mas aos poucos teve influência de outras regiões, acompanhando o avanço da segunda onda da pandemia. A taxa ficou em 9,1% em janeiro, 13,8% em fevereiro, 26,2% em março e voltou a desacelerar a partir de abril, quando ficou em 17,9%. O percentual ficou em 12,4% em maio, 4,9% em junho e 5% em julho.
Fonte: Valor Econômico