De acordo com cálculos da LCA Consultores, o item Alimentação no domicílio vai cair de 7,4% em março para 1% em agosto
A inflação de alimentos no domicílio vai desacelerar fortemente nos próximos meses. Depois de um ano em dois dígitos, terminará este ano de 2023 em 1,1% no acumulado de 12 meses. Carne pode terminar o ano em queda de 2,9% no acumulado de 12 meses. Isso terá até um efeito político, afinal o presidente Lula prometeu carne mais barata.
Nos últimos dois anos, o consumidor, principalmente o mais pobre, tem sofrido a cada ida no supermercado por conta da alta de preço dos alimentos. Mas este ano a inflação de alimentos promete dar uma trégua. De acordo com cálculos da LCA Consultores, o item Alimentação no domicílio vai cair de 13,2% em 2022 para 7,4% em março no acumulado de 12 meses, e vai continuar caindo até o piso de 1% em agosto. Depois oscila um pouco mas em dezembro será 1,1%, no acumulado de 12 meses.
Infelizmente, com três anos consecutivos de altas importantes de alimentos, o que vamos ver agora não é uma devolução, mas uma moderação desses preços. Vai subir bem menos do que o passado recente – explica Fábio Romão, economista da LCA. Ou seja, não haverá queda de preços, mas preços mais moderados. A alta dos alimentos ficou em dois dígitos entre agosto de 2020 e outubro de 2021. Teve uma queda, mas depois entrou novamente em dois dígitos em fevereiro de 2022 e está assim desde então.
E por que vai desacelerar tanto? A explicação vem do campo. A queda dos preços agropecuários finalmente irá chegar ao varejo. Milho, soja e até mesmo, trigo, terão queda. E a carne terá um forte alívio. Todas as carnes: bovina, suína, aves e ovos.
O passado recente foi pesado para as famílias. Os preços agropecuários ao produtor tiveram alta de 46,9% em 2020, por causa da pandemia, e refletiu em uma inflação de alimentos de 18,2%. Em 2021, a alta para o produtor foi de 18,8% e o IPCA de 8,2%. Em 2022, houve uma forte desaceleração dos preços agropecuários para o produtor, alta de 3,4%, mas isto não foi refletido para o consumidor, que teve que encarar uma alta de 13,2%.
Para este ano, a projeção é de queda nos produtos agropecuários (-3,4%) e de alta de 1% para a inflação dos alimentos no IPCA.
Há sempre riscos. A seca da Argentina pode afetar os preços da soja. O maior consumo de etanol e de biodiesel também afetam os preços. Mas este ano de 2023 o que vamos ver é um forte alívio dos custos de alimentos para as famílias- diz Francisco Faria, da LCA.
No ano passado, a guerra Rússia-Ucrânia gerou muitas pressões de preços agropecuários na primeira metade do ano. Mas, em 12 meses, ao longo da segunda metade do ano, os preços começaram a ceder. Os chamados produtos in natura (Tubérculos, raízes e legumes, hortaliças e verduras e frutas) tiveram alta de 30% no varejo no 1º semestre de 2022, depois caíram. Para este ano a expectativa é de que esse grupo tenha uma queda de 21%.
Fonte: O Globo