Em Destaque · 23 novembro 2021

O brasileiro sente os efeitos da alta na inflação pela quantidade de produtos que é possível colocar em um carrinho de supermercado. Para muitos, a realidade é que as compras estão cada vez menores. Contudo, a redução do poder de compra das pessoas não é um efeito isolado: pelo contrário, com a economia interligada, esse movimento também traz reflexos para os setores supermercadistas e atacadistas. 

Conforme aponta o presidente-executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala, assim como os consumidores, os supermercados também são penalizados pelas altas nos preços dos produtos. 

Em consequência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, no acumulado dos últimos 12 meses, já demonstra uma variação de 10,67%, Claret lembra que as margens do varejo estão bastante reduzidas. 

“Os supermercados compõem um setor dos mais concorridos da economia. Portanto, qualquer aumento de preço por parte do nosso fornecedor traz impactos na rentabilidade do varejo. Isso porque o setor evita ao máximo repassar preço ao consumidor, especialmente nesse momento de alta do desemprego e redução na renda da população”, afirma Claret. 

O vice-presidente do Grupo Super Nosso, Rodolfo Nejm, destaca que, além de margens mais apertadas, há também a percepção de que os hábitos dos consumidores também estão mudando. “Desde o início da pandemia e com o aumento da inflação, os consumidores estão trocando a categoria de produtos e optando por produtos mais básicos”, pontuou Nejm.

Cesta básica

A substituição de marcas é a principal ferramenta do consumidor em meio às constantes altas na inflação, já que, em muitos casos, os itens fazem parte do que é essencial para o abastecimento das famílias.

“Os supermercados, como atividade essencial, trabalham com itens de primeira necessidade. Por isso, uma grande cesta de produtos, como alimentos básicos, itens de limpeza doméstica e higiene pessoal, não têm espaço para redução no consumo. Mas é sabido que o consumidor, especialmente de menor renda, opta pela substituição de algumas marcas”, observa o presidente da Amis. 

Conforme estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), divulgados no início do mês, somente na capital mineira, os produtos que formam a cesta básica estão custando ao consumidor R$ 604,22, o que representa 54,93% do salário mínimo.

Importância dos programas sociais

Para o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Leonardo Miguel Severini, com a realidade trazida pela  pandemia da Covid-19 as indústrias e os distribuidores se aproximaram com objetivo de levar as mercadorias de forma mais rápida para o varejo das pequenas cidades para abastecer as famílias. Esse relacionamento, segundo ele, segue consolidado em 2021, o que tem ajudado no aperfeiçoamento do atacado com a indústria. 

No entanto, Severini demonstra preocupação com as políticas econômicas relacionadas às pessoas com pouco acesso à renda. “Em relação à inflação, temos visto o dinheiro no varejo arrefecer em razão da redução dos programas sociais e queda no ritmo econômico tanto por conta da situação do Brasil quanto do mundo”, aponta o presidente da Abad. 

Fonte: Diário do Comércio