Em Destaque · 28 maio 2021

Em casa, consumidor fortaleceu o hábito de tomar café da manhã, fazer lanche e preparar o macarrão instantâneo durante a pandemia

Os novos hábitos do brasileiro incrementaram as vendas das indústrias de biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos Industrializados inclusive nas classes de menor aquisitivo que foram favorecidas pelo auxílio emergencial do Governo. “Pães foi a categoria que mais cresceu, desde os primeiros meses da pandemia o volume chegou a aumentar 50%, mas no final de 2020, teve 30% a mais de volume comercializado e um crescimento de 35% do valor negociado”, diz Raquel Ferreira, diretora de contas e novos negócios da Kantar.

Impulsionado pela alta no consumo da chamada ‘cesta de café da manhã’, os pães industrializados também acabaram sendo um elemento importante para quem atravessou a pandemia em casa. Raquel explica que os pães industrializados que tiveram os melhores resultados são aqueles que tem algum tipo de apelo voltado à saúde, como fibras ou redução calórica, como os de centeio e integrais ou os pães derivados de sementes com alguma adição ou farinha integral.

 O consumo de pães industrializados disparou, batendo 89,4% em 2020, com alta de 8,1p.p. se comparado com o ano anterior e quase dez pontos frente a 2018.  A consolidação do produto pode ser vista no crescimento da presença nos lares brasileiros. Em 2018, o produto fazia parte do cardápio de 79,8% das famílias. Dois anos depois passou a ocupar 89,4% das casas – nos dados da Kantar. Já a pesquisa da Nielsen com dados do IBGE mostra que o pão industrializado tinha consumo médio de 2,5kg por pessoa em 2018 e quase 2,9kg em 2020.

“Nós tivemos um aumento de ocasiões de café da manhã, para mais dias da semana com brasileiros tomando café dentro de casa, e um aumento de momentos de lanches. Traduzindo em números, os brasileiros que tinham quatro oportunidades de consumir produtos da cesta ABIMAPI ao longo do dia, passaram a ter cinco. Foram em torno de 27% mais ocasiões de consumo dentro de casa”, conclui Raquel.

Os dados do Anuário da ABIMAPI – Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados – foram apresentados nesta quinta-feira. As massas alimentícias tiveram 3,6% de crescimento do volume nesse ano de 2020, já as massas instantâneas cresceram 9%. No valor, os números alavancados são ainda maiores. As massas instantâneas cresceram 19,8% em vendas. Já as massas alimentícias, 13,4% no valor comercializado.

“Existe uma praticidade nessa categoria, quando você tem que cozinhar para si mesmo. Quando comparamos com massas instantâneas que são lamen etc., eles crescem em média 10 pontos percentuais a mais que massas alimentícias em geral”, diz Claudio Zanão, presidente da entidade. Nesse sentido, itens como macarrão instantâneo parecem ser muito mais recomendados para principiantes na cozinha.

“Duas tendências se acentuaram com a pandemia. Uma delas foi o crescimento de seguimentos que podem ser compartilhados, como um pote maior e que a família inteira compartilha aquele produto. À exemplo disso nós temos os salgados tradicionais e o biscoito maisena. São segmentos bastante típicos do dia a dia e que com embalagens maiores, permitindo o compartilhamento para a mesma família ganharam relevância”, explica Arthur Oliveira, diretor comercial da Nielsen Brasil.

O Brasil fechou o ano de 2020 com um aumento significativo no valor comercializado para biscoitos industrializados. Entre 2019 e 2020, a alta foi de R$ 1 bilhão e 43 milhões de reais. O crescimento foi distribuído em tipos variados como maria e maisena, waffer, recheado doce, biscoito palito e água e sal. Em 2019, a categoria já tinha batido a marca de R$ 18,9 bilhões. No ano seguinte, o valor subiu para R$ 20 bilhões. Os dados são da Nielsen.

Muitos fatores ajudam a explicar esse movimento de maior penetração e consolidação desses alimentos. Um deles é o fato de que o auxílio emergencial, que movimentou a economia brasileira, foi usado prioritariamente para a compra de alimentos, segundo a pesquisa da Kantar. O levantamento aponta que dois a cada três reais do auxílio foi utilizado para comida. “Ao todo, 66% de quem recebe auxílio emergencial direciona esse dinheiro para alimentos e bebidas”, explica Raquel Ferreira, diretora de contas e novos negócios da Kantar.

Os produtos que compõe a cesta ABIMAPI tiveram alta tanto em valor quanto em volume. As vendas subiram 9,6%, com volume 5,3% maior que o ano de 2019. De acordo com a pesquisa Nielsen, encomendada pela ABIMAPI, um dos fatores que impulsionou a variação em valor maior que uma variação em volume foi a pressão inflacionária muito forte nos produtos de cesta básica e comodities. Além disso, a desaceleração da atividade econômica da alimentação fora de casa, especialmente nos locais onde bares e restaurantes enfrentaram restrições para continuar funcionando.

Para 2021, a expectativa é alcançar um crescimento de 3% a 5% em faturamento. “Mesmo com o afrouxamento gradual das medidas de distanciamento social, as pessoas ainda se sentem inseguras para retornar ao consumo fora do lar, além disso, os produtos da categoria são relativamente baratos, pertencentes à cesta básica de alimentação e a população está menos capitalizada, revisando as suas prioridades de consumo”, destaca Claudio Zanão.

Fonte: SuperHiper