Em Destaque · 21 janeiro 2022

Estudo da Organis ressalta que toda a cadeia deve divulgar melhor seus benefícios

A pandemia não freou a tendência de aumento do número de consumidores de alimentos orgânicos no Brasil. Mesmo com todos os desafios impostos pela covid-19, logísticos e de renda, mais gente passou a recorrer a produtos livres de agrotóxicos no país, e a maior parte ou manteve ou elevou as compras nesses últimos quase dois anos.

É o que aponta pesquisa realizada pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) em parceria com a consultoria Brain e com a iniciativa UnirOrgânicos. Os resultados do trabalho foram compilados a partir de 987 entrevistas realizadas em todo o país entre 15 de setembro e 5 de outubro de 2021, e confirmam relatos de produtores, varejistas e canais online.

Entre as pessoas que haviam consumido orgânicos nos 30 dias anteriores à pesquisa, 66% afirmaram que mantiveram o mesmo nível de consumo durante a pandemia, enquanto 23% aumentaram e apenas 11% reduziram as compras. Do universo total, 45% já consumiam esses produtos há mais de cinco anos e 19% entre três e cinco anos. Mas 25% começaram a explorar esse mercado entre um e dois anos antes, e 12% em um período menor que um ano.

Sempre segundo a pesquisa, os produtos orgânicos mais consumidos são os hortifrútis (75%), seguidos por grãos (12%), cereais (10%), açúcar (8%) e biscoitos (6%). Para 47% dos entrevistados, os orgânicos são importantes para melhorar a saúde e 26% os consideram mais saudáveis. O O fato de os orgânicos serem produzidos sem agrotóxicos é a principal motivação para 13% dos consumidores, e para 24% deles esses produtos têm melhor qualidade.

Menos pessoas que consumiam orgânicos durante o período da pesquisa o estavam fazendo mais de cinco vezes por semana – eram 35% em 2019, e o percentual caiu para 27% em 2021 -, mas mais gente estava consumindo algum item do gênero duas vezes por semana (alta de 16% para 34% na comparação). E os supermercados eram os principais canais de vendas para 48% dos entrevistados, seguidos pelas feiras (47%).

Mas, embora esse mercado mostre que está sólido durante a pandemia, a pesquisa também aponta que há desafios para que o ritmo de consumo continue a aumentar. “As pessoas declaram consumir produtos orgânicos por motivos individuais, não aparecendo de forma significativa a dimensão do coletivo”, dizem Organis, Brain e UnirOrgânicos.

“Os números mostram a necessidade de insistir na divulgação das vantagens dos orgânicos em questões que preocupam a sociedade, como a preservação do meio ambiente, a crise climática e a redução dos desequilíbrios socioeconômicos, entre outros”, continuam. O desconhecimento de marcas de orgânicos por parte dos consumidores, bem como da existência de produtos não-alimentícios orgânicos, são outros desafios citados pelos realizadores da pesquisa.

Fonte: Fernando Lopes, Valor