Em Destaque · 18 outubro 2022

Pescado de cativeiro mais produzido no Brasil será um dos temas da Seafood Show Latin America que começa hoje em SP

A exportação de pescado brasileiro seguiu em alta em agosto, quando foram registradas 37.643 toneladas de embarques de itens diversos de pescado. O número representa alta de 26,12% no volume quando comparado ao mesmo período do ano passado. As informações são do Painel do Pescado.

Em julho, a exportação de pescado do Brasil já havia ampliado 27,57% no volume quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em junho, o salto foi de 29,7%. Para Ramon Amaral, proprietário da Brasfish Indústria e Comércio de Alimentos, de Santa Fé do Sul, no interior paulista, são inúmeras possibilidades. “O pescado é a quarta proteína consumida no Brasil e no mundo é a primeira. Tem muito campo, muita coisa a ser feita com relação à qualidade, a abertura de novas oportunidades com desenvolvimento de embalagem, de negócio”, analisa.

Amaral, que participará do painel “Produção, comércio e perspectivas para os principais itens de pescado”, durante a Seafood Show Latin America, de 17 a 19 de outubro, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, conhece bem a realidade do setor. Sua empresa atua em todas as áreas do segmento, desde a manipulação genética à alevinagem (produção de alevinos), cria, recria e engorda, frigorífico, fábrica de ração e logística até o ponto de venda. “Temos um poder de rastreabilidade muito grande, que nenhuma empresa no Brasil tem”, garante. “Vendemos pele, escama, filé, aperitivos, pururuca, bolinho, ou seja, temos uma cultura de agregar valor em todos os cortes e produtos que a tilápia pode oferecer. Acredito muito no pescado”.

Tilápia tem preços em alta

O mercado interno de tilápia, o peixe de cativeiro mais produzido no Brasil, está com alta de preços, como lembra Felipe Junqueira Franco, sócio da BTJ Foods, que também participará do painel durante a Seafood Show. “O filé de tilápia está num momento de retomada de equilíbrio da oferta e demanda, com tendência de aumento de preço”, afirma.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada — CEPEA da USP, em Piracicaba, com o aquecimento da demanda interna e a oferta restrita de peixes, as cotações da tilápia subiram em todas as regiões em agosto. A menor disponibilidade do peixe no peso ideal para o abate e o aumento na demanda por parte da indústria, especialmente na segunda quinzena, impulsionaram as cotações durante todo o mês, conclui o estudo.

No Norte do Paraná, o valor pago ao produtor pela tilápia in natura teve média de R$ 7,93 por quilo em agosto, 0,76% maior do que o de julho. Na região dos Grandes Lagos, noroeste do estado de São Paulo e divisa de Mato Grosso do Sul, a cotação média foi de R$ 7,74 o quilo, aumento de 1,04% na comparação mensal.

“Essa tendência reflete no filé, mas ainda é sutil”, afirma Franco. “No entanto, esperamos a manutenção dessa tendência crescente de preços, afinal, houve uma fase muito ruim para o produtor, em termo de rentabilidade que chegou a vender o peixe muito próximo ao valor de produção e, muitas vezes, até mesmo abaixo. Isso fez ele tirar o pé no repovoamento, o que impacta na redução de oferta, que pressiona os preços para cima”.

Mas a empresa mostra preocupação com o momento da economia. “O poder aquisitivo da população está em baixa e isso reflete na demanda também. Ou seja, a demanda por cortes de maior valor, como o filé de tilápia, pode diminuir em função do poder aquisitivo menor. Por outro lado, o peixe inteiro, mais competitivo frente às demais proteínas, ajuda a sustentar um pouco a demanda”.

Fonte: SuperHiper