Em Destaque · 03 março 2022

A confiança dos consumidores subiu 3,8 ptos em fevereiro puxada pela melhora das avaliações das classes de renda mais baixas, possivelmente influenciadas pela entrada do Auxílio Brasil e pelas melhores perspectivas para o mercado de trabalho à medida que o pior momento da variante Ômicron fica para trás.

A confiança empresarial recuou pelo quarto mês seguido, com piora das percepções sobre a situação corrente e melhora das expectativas. A distância entre os indicadores é a menor desde agosto de 2021. Ambos os indicadores estão abaixo de fevereiro de 2020, mês anterior à pandemia de Covid-19.

As expectativas empresariais em relação aos meses seguintes melhoraram pela primeira vez desde outubro de 2021, enquanto as avaliações sobre a situação corrente continuaram piorando.

O resultado, com coleta de dados anterior à crise entre Rússia e Ucrânia, sugere que a economia continuou desacelerando no mês mas o enfraquecimento da onda de covid-19 provocada pela variante ômicron vinha perdendo força, possibilitando a normalização de atividades mais afetadas por medidas de distanciamento social.

Em fevereiro, a confiança caiu na Indústria e nos Serviços mas subiu no Comércio e na Construção. Na Indústria, os problemas de abastecimento de insumos continuam atrapalhando, ainda que a demanda continue em tendência de queda.

Nos Serviços, a Ômicron continuou afetando as percepções sobre os negócios em fevereiro.

O destaque positivo no mês foi a alta da confiança do Comércio, influenciada pela melhora das expectativas para os próximos meses, após quedas expressivas nos meses anteriores. A confiança da Construção segue oscilando entre 93-97 pontos desde julho de 2021.

Em fevereiro, houve melhora das avaliações sobre a situação corrente e das expectativas dos consumidores. Em ambos os casos, no entanto, os níveis dos indicadores são ainda muito baixos e retratam um clima de relativo pessimismo.

A melhora pode ter sido influenciada pela perspectiva de aceleração nos setores de consumo presencial na medida em que a Ômicron vai perdendo força. Nas rendas mais baixas, o Auxílio Brasil também pode ter influenciado o resultado.

Em fevereiro, o nível médio da confiança de consumidores com renda mais baixa (faixas 1 e 2) subiu 3,8 pts., para 72,5 pts., e a dos consumidores com renda mais alta (faixas 3 e 4) subiu 2,5 pts., para 84,9 pts.

A distância entre as duas faixas extremas de renda, de 12,4 pts. é a menor desde março de 2021 (11,3 pts).

Escassez de matéria prima continua sendo um fator de preocupação para as empresas industriais, com piora da situação no primeiro trimestre de 2022. O problema tornou-se mais concentrado nos dois últimos trimestres. As empresas de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis e Veículos e Automotores são as que mais reclamam da escassez de matérias primas.

O nível de demanda por bens industriais veio gradualmente reduzindo nos últimos meses, o que colaborou para a recomposição de estoques na indústria, após estes chegarem ao menor nível da série histórica no início do ano passado.

Em fevereiro, no entanto, mesmo com a demanda já enfraquecida, o nível de estoques caiu 2,3 pontos. Um dos motivos para o resultado deve-se às dificuldades ainda existentes para obtenção de insumos.

Os estoques continuam abaixo do desejável pelas empresas nos segmentos de bens duráveis e de bens de capital. Já nas categorias de não duráveis e intermediários, responsáveis por cerca de 3/4 da produção da indústria de transformação, a situação está mais próxima da normalidade.

Ômicron afeta confiança de setores de consumo presencial

Entre dezembro e fevereiro, houve queda da confiança em todos os grandes segmentos do Setor de Serviços. Os segmentos serviços prestados às famílias e serviços de transportes voltaram a ficar com os menores níveis de confiança do setor.

A situação financeira familiar melhorou um pouco no início de 2022 mas continua sendo um dos fatores mais preocupantes para os consumidores no momento. Ambos os indicadores (gráfico à esq.) continuam registrando níveis muito abaixo do satisfatório.

Paralelamente, o número de pessoas usando recursos de poupança para quitar despesas correntes vem diminuindo desde janeiro de 2022. Na proporção diminuiu 1,3 pt. em fevereiro, para 14,8%., menor nível desde outubro do ano passado, mas superior ao período pré-pandemia, de fevereiro de 2020.

Pelo segundo mês seguido, a percepção sobre a situação atual piorou em todos os setores econômicos pesquisados. O ISA dos consumidores subiu quase 2 pontos em fevereiro, mas permanece em nível muito baixo.

Em fevereiro, as expectativas da Indústria e Serviços continuaram piorando, enquanto as do Comércio e da Construção melhoraram no mês. As expectativas dos consumidores melhoraram em fevereiro mas têm oscilado bastante desde setembro de 2021.

Entre os consumidores, 32% afirmaram estar com dívidas em atraso. Entre as famílias de menor poder aquisitivo (renda familiar mensal de até R$ 2.100), quase 60% apontam o mesmo problema. Entre os principais motivos apontados para o atraso no pagamento de dívidas estão a inflação e a dificuldade em aumentar a renda.

Clima Econômico da América Latina

A queda de 1,6 pt do Indicador de Clima Econômico da América Latina, de 1,6 pt. foi influenciada pela piora das avaliações sobre a situação atual. O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 5,7 pontos no trimestre, ao passar de 58,0 pontos para 52,3 pontos entre as duas últimas Sondagens.

O ISA está na zona desfavorável desde o 2º trimestre de 2012, uma situação condizente com o lento crescimento da região após o grande ciclo de alta dos preços das commodities. O Índice de Expectativas manteve-se na zona favorável ao subir 3,5 pontos no mesmo período, para 108,6 pontos.

Com uma queda de 15 pontos no primeiro trimestre, Índice de Clima Econômica brasileiro passa a ser o menor da região com 60,6 pontos. No extremo oposto, o Uruguai é agora o país com o melhor clima econômico da América Latina.

Fonte: Investimentos e Notícias