Em Destaque · 08 outubro 2021

Produção de grãos vai a 289 milhões de toneladas; estoque de arroz cresce, mas o de feijão fica limitado

Após um ano de demandas interna e externa aceleradas e de oferta menor de produto, 2022 deverá ser um período mais folgado em termos de abastecimento.

A primeira estimativa de produção de grãos da safra 2021/22 indica área e produção recorde no país. Os agricultores deverão semear 71,5 milhões de hectares com culturas temporárias, com previsão de uma safra de 289 milhões de toneladas. A área cresce 3,6%, e a produção, 14,2%.

Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que adverte, no entanto, que são as primeiras estimativas. Será um período de La Niña, o que coloca dúvidas sobre como o clima afetará as principais regiões produtoras. Por ora, o plantio está sendo feito no período ideal e com clima favorável.

Confirmados os dados de produção, o país voltará a ter boa sobra de produtos no final da safra, nas contas da Conab. Esse volume dependerá, porém, do apetite externo por importações e do comportamento do dólar. Sem um arranjo na economia, a moeda norte-americana continuará elevada, facilitando exportações.

O arroz, cereal que vinha pesando muito no bolso do consumidor e afetando a taxa de inflação, deverá terminar a safra 2021/22 com estoques finais de 2,7 milhões de toneladas, um volume recorde.

Esse aumento ocorre mesmo com redução de produção e aumento da exportação em 2022. O estoque será impulsionado pela sobra de 2,5 milhões de toneladas da safra 2020/21.

O mesmo não ocorre com o feijão, que continuará com oferta reduzida nesta safra, assim como foi na anterior. Só a partir de janeiro, o volume a ser colocado no mercado aumenta. Com isso, os estoques finais da safra 2021/22 ficam em 158 mil toneladas, um dos menores patamares para a leguminosa.

O milho, se o clima ajudar, poderá voltar ao normal nesta safra, após uma situação bastante anormal na anterior. Nos cálculos da Conab, a produção sobe para 116 milhões de toneladas, atendendo consumo interno e exportações, além de deixar uma sobra de 11,5 milhões de toneladas no final da safra 2021/22.

Os destaques da safra que se inicia são soja, que chegará a 141 milhões de toneladas, e milho, cuja produção, após a forte redução neste ano, voltará a ser recorde no próximo.

Como alerta Candice Santos, superintendente de informações da agropecuária da Conab, a previsão é de uma safra recorde, mas vai depender do clima. Para Sergio De Zen, diretor da entidade, as condições atuais são bastante favoráveis, mas as variáveis climáticas deverão ser bem observadas durante a safra.

O alerta dos técnicos da Conab tem fundamento nesse período de incertezas climáticas. Em abril deste ano, a Conab previa uma safra de 274 milhões de toneladas em 2020/21. Com a quebra de 22 milhões de toneladas na produção de milho, a safra ficou em apenas 253 milhões.

Se a produção de milho encolheu, a de trigo será recorde. O país deverá produzir 8,2 milhões de toneladas neste ano, 31% a mais do que em 2020. Este é um produto que o país é dependente do mercado externo, importando 50% do consumo.

Taxa de biodiesel Após dados do Cepea mostrarem redução no emprego no setor de moagem, agora é a vez de a indústria apontar queda na atividade. Isso ocorre devido à redução da taxa de mistura de biodiesel ao diesel para 10%.

Moagem menor Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), entidade que representa pelo menos 85% da atividade das empresas, a moagem de agosto deste ano recuou para 3,3 milhões de toneladas, o menor patamar desde fevereiro.

​Receitas Os preços favoráveis da soja no mercado internacional deverão elevar para US$ 47,2 bilhões as receitas a serem obtidas pelos exportadores brasileiros neste ano. No ano passado, somaram US$ 35,2 bilhões.

Café O consumo mundial deverá crescer 1,9% na safra 2020/21, somando 167,3 milhões de sacas. Já a produção praticamente fica estável, em 169,6 milhões, segundo estimativas da OIC (Organização Internacional do Café).

Cresce nos EUA A maior evolução no consumo deverá ocorrer na América do Norte. A OIC estima um consumo de 31,8 milhões de sacas para a região, 3,7% a mais. Já o maior aumento de produção é na América do Sul, que deverá atingir 82,8 milhões de sacas, com alta de 1,9%.

Fonte: Folha de São de Paulo