Em Destaque · 04 outubro 2021

Apesar da escassez do pescado, produto vem sendo bastante procurado na Região dos Lagos

Em tempos de alta no preço dos alimentos, o consumidor está buscando alternativas para substituir a carne vermelha. Em um supermercado de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, o quilo do contrafilé é vendido a R$ 45 reais. A picanha já chega a R$ 56 reais.

Essa alta está levando muita gente a pesquisar mais ou até mesmo não levar o produto. Para tentar controlar as despesas, o peixe passou a ser uma opção, tanto pela qualidade, quanto pelo preço variado.

Segundo um levantamento realizado pelo Portal Multiplix, o preço do quilo da anchova está custando, em média, R$ 25 reais, em Arraial do Cabo. O filé de pescada está sendo vendido a R$ 30 reais e o filé de cavala, espada e raquete, a R$ 15 reais, o quilo.

Marilda Pinheiro, dona de casa, passou a incluir o peixe com mais frequência nas refeições diárias para economizar na carne.

“Está cada vez mais difícil comprar a carne por causa do preço, que ainda está muito alto. O peixe foi uma forma que encontramos aqui em casa para substituir esse alimento, diminuindo um pouco os gastos. Temos que nos adequar para não estourar o orçamento que já está apertado”, afirmou a moradora de Arraial do Cabo.

Mar não está para peixe, mas pescadores comemoram

A mudança neste cenário acaba mexendo diretamente com os pescadores locais. Segundo Renato Pita, presidente da associação de pescadores da Prainha, apesar da escassez de peixe no mês de setembro, devido às condições climáticas, a procura aumentou nos últimos meses. O preço pode variar de acordo com a quantidade do produto. Quanto mais peixe, mais barato fica. E, se acontece o contrário, o preço acaba subindo.

“Notamos uma diferença da procura, desde o ano passado, com a chegada da pandemia. Isso se manteve em 2021, após o aumento do preço de alguns alimentos, em especial da carne. O peixe mais procurado pelos moradores é a anchova. Mesmo com a carência da pesca, as vendas beneficiam os pescadores locais, que também foram afetados por essa crise”, afirmou Renato.

Índices altos

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do IBGE, foi a 1,14% em setembro, 0,25 ponto percentual acima da taxa de agosto (0,89%). Esse foi o maior índice de inflação registrado para um mês de setembro desde 1994 e o maior também, desde fevereiro de 2016 (1,42%).

A lista de alimentos tem a carne como principal vilã. O preço dela, no geral, subiu 1,10% e o item contribuiu com 0,03 ponto percentual de impacto no IPCA-15. Também registraram alta nos preços: batata-inglesa (10,41%), café moído (7,80%) e frango em pedaços (4,70%).

A boa notícia é que houve queda pelo oitavo mês seguido nos preços do arroz (-1,03%), também presente na lista de itens básicos.

Como explicar essa alta?

O planejador financeiro, Maurício Vono, explica que o cenário atual apresenta uma alta generalizada dos preços, que não é só em decorrência de um único setor, o que acabou impactando em toda a cesta de alimentos.

“Alguns itens são muito exportados, como a carne bovina. Em função do dólar ter aumentado, acaba que esses itens aumentam acima da média. A primeira substituição foi pela carne de frango e suína, mas também houve uma mudança nos preços em função da grande procura”, afirmou.

Maurício alerta que o consumidor deve ficar atento para não extrapolar o orçamento e evitar o corte de gastos em outras áreas no futuro.

“O orçamento é como cortar as unhas, você precisa aparar algumas coisas pensando de forma responsável. O consumir deve usar a criatividade buscando produtos mais baratos”, finalizou Maurício.

Fonte: Multiplix