Em Destaque · 27 outubro 2021

Parceria entre Abras e produtores vai destacar a qualidade do produto nacional nos supermercados

O alho brasileiro vai ter um destaque especial nos supermercados a partir do próximo mês. Uma parceira entre a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e produtores permitirá uma ação de marketing para apontar as qualidades do produto brasileiro, em relação ao de outros países.

Uma cultura que emprega pelo menos 16 trabalhadores direta e indiretamente por hectare, o alho tem movimentado pequenos produtores no Sul e médios e grandes no Sudeste e no Centro-Oeste.

Flávio Márcio Ferreira da Silva, presidente da Amipa (Associação Mineira dos Produtores de Alho), diz que essa ação conjunta com a Abras é muito importante porque o produto brasileiro, com maior qualidade do que o importado, principalmente o chinês, em muitos casos, é comercializado sem uma distinção de origem nos pontos de venda.

A produção nacional de alho, segundo o presidente da associação, atinge um patamar de 290 mil toneladas por ano, provinda basicamente de Minas Gerais, Goiás e estados do Sul.

A área cultivada é de 16 mil hectares, com uma produtividade média de 18 toneladas cada um. Pelo menos 8.000 hectares dessa área estão em Minas Gerais.

O Brasil complementa a demanda interna com produto externo, mas Silva acredita que, com esse destaque ao produto nacional, mostrando a sua qualidade, a produção nacional deverá superar a demanda em dois a três anos.

Até setembro, o Brasil importou 106 mil toneladas de alho, com gastos de US$ 139 milhões. Neste ano, a Argentina lidera o fornecimento para o Brasil, com 62 mil toneladas. A seguir vêm a China (40 mil) e a Espanha (2.400).

Em 2020, no entanto, o maior volume de produto importado veio da China, que forneceu 103 mil toneladas ao Brasil. A Argentina veio a seguir, com 72 mil toneladas.

O produto argentino tem um valor agregado maior do que o chinês. No ano passado, o Brasil pagou, em média, US$ 1.930 por tonelada pelo alho fresco ou refrigerado procedente da Argentina.

O produto chinês ficou em US$ 1.000, e o espanhol, em US$ 1.576, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Silva diz que o consumidor terá oportunidade de verificar a origem e os processos de produção do alho nacional durante as compras, além de poder verificar que o produto brasileiro tem pelo menos cinco vezes mais alicina do que o produto importado, principalmente o chinês.

A alicina é um componente medicinal do alho e atua no organismo humano como um antibiótico. A diferença do produto nacional para o importado é bastante visível, segundo Silva. Enquanto o importado tem uma coloração branca, o nacional é roxo.

O custo de produção, no entanto, é pesado. O presidente da Amipa estima um valor de R$ 160 mil por hectare. Quando o clima favorece, e a produção é boa, como foi na safra passada, a rentabilidade chega a 20%.

O produtor nacional tem de disputar, no entanto, com importações bastante competitivas. O produto chinês tem uma taxa antidumping de US$ 0,78 por kg, mas muitas liminares têm liberado esse pagamento.

A produção nacional está em um patamar mais elevado de gastos do que na China, devido a custos de mão de obra, ambientais e de insumos. Estes, em boa parte, importados, segundo Silva.

Um bom sinal – A China liberou o primeiro lote de carne bovina brasileira, um sinal verde para os exportadores, segundo Lygia Pimentel, da Agrifatto.

Caso a caso – Ainda há outros 21 lotes para serem avaliados, e cada um será estudo separadamente, segundo Pimentel. O primeiro era uma carga de Tocantins. É preciso ver como a China reagirá ao produto de Mato Grosso, onde ocorreu um dos casos atípicos de vaca louca.

Carne cai – O valor médio do preço da carne bovina parou de subir no varejo e recuou 0,14% nos últimos 30 dias, conforme pesquisa divulgada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) nesta terça-feira (26).

Etanol de milho – O país produzirá 9,65 bilhões de litros na safra 2030/31, um volume 185% superior ao atual. As previsões são da Unem (União Nacional de Etanol de Milho) e foram apresentados nesta terça-feira (26) à FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária).

Valor agregado – Segundo Guilherme Nolasco, presidente da Unem, a verticalização da produção tem agregado valor a toda a cadeia produtiva do cereal, além de disponibilizar insumo para a produção pecuária.

Marfrig – A empresa obteve lucro líquido de R$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre deste ano, 149% acima do registrado em igual período de 2020. O Ebitda ajustado chegou a R$ 4,7 bilhões, e a receita líquida foi de R$ 23,6 bilhões, com crescimento de 40% na comparação anual.

Fonte: Folha de São Paulo