Considerado um mês com alta no preço de alguns alimentos devido ao elevado consumo ocasionado pelas festas de fim de ano, dezembro apresentou inflação de 1,03% no Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). No período de janeiro a dezembro, o IPS registrado foi de 10,21%.
O aspecto positivo é a redução de itens que integravam uma cesta de produtos inflacionados ao longo do ano, como as carnes. No caso dos derivados das carnes, ocorreu uma redução de 1,03% no mês, já que a cadeia produtiva não foi afetada pela demanda das compras das ceias natalinas e de Réveillon. Itens como peito de peru, presunto, toucinho defumado, empanados de frango e pertences de feijoada contribuíram para a deflação do índice geral dessa categoria.
Dentre os hortifrutigranjeiros (produtos in natura), os tubérculos tiveram redução de 2,01% e de 9,07% no acumulado do ano, puxada principalmente pela batata, que deflacionou 19,62% no mês e 29,43% no ano. A queda no preço foi provocada pela elevação da oferta, mesmo com regiões produtoras afetadas pelas geadas ocorridas em maio.
O IPS geral dos hortifrutigranjeiros registrou aumento de 3,16% no mês e de 4,95% de janeiro a dezembro. A intensa procura por frutas para as festividades de fim de ano ocasionou uma inflação de 7,22% e de 3,99% no acumulado do ano nessa categoria de produtos.
Carnes e industrializados fecham o ano em alta
As carnes, que vinham em desaceleração nos 3 meses anteriores a dezembro, sofreram os impactos da demanda sazonal das festas de fim de ano e apresentaram inflação de 1,04% no mês e de 13,85% no ano.
No entanto, as projeções apontam para estabilidade no preço dos cortes bovinos em virtude do equilíbrio do custo de produção decorrente da acomodação dos valores das commodities internacionais e do recorde histórico de 221 milhões de cabeças alcançado pelo setor em 2021.
A cesta dos industrializados registrou inflação de 1,25% em dezembro e de 14,36 % em 2021, influenciada principalmente pelos produtos derivados do leite, panificados e café. Os itens panificados pesaram no alto índice da categoria, uma vez que parte do trigo utilizado na produção é importado. Essa elevação no custo produtivo por conta dos efeitos cambiais causou uma alta de 0,25% em dezembro e de 10,68% no acumulado do ano.
Cenário de bebidas, produtos de higiene e limpeza
Bebidas não alcoólicas apresentaram inflação de 0,67% no mês e de 7,52% no acumulado do ano. Um dos principais itens da cesta que contribuiu para a elevação foi o refrigerante, que subiu 0,62% no mês passado.
O preço das bebidas alcoólicas também sofreu inflação de 0,73%, influenciado pela alta da cerveja, com aumento de 1,01% em dezembro. No ano passado, as bebidas alcoólicas acumularam alta de 3,20%. A expectativa para 2022 é de elevação para todos os produtos que dependem da cana de açúcar ou da importação de outras matérias-primas. A cana de açúcar sofreu uma redução de 13,2% na safra 2021/2022.
A alta dos artigos de higiene e beleza foi de 1,41% em dezembro e de 10,10% no acumulado do ano. Os principais efeitos vieram do sabonete e do creme dental, que subiram 1,38% e 2,99%, respectivamente. Os produtos de limpeza alcançaram inflação de 1,18% no mês e de 12,57% no ano, com destaque para o sabão em pó, o item com a taxa mais elevada no mês: 1,59%.
“A expectativa para este ano é que os preços estabilizem com o controle gradativo e efetivo da política de controle da meta inflacionária adotada pelo Banco Central. Em alguns indicadores, como o IGP-M e o IPCA, é possível perceber os resultados dessa redução. A influência da demanda internacional das commodities e a capacidade de compra das famílias também são aspectos relacionados à estabilidade econômica”, explica Diego Pereira, economista da APAS.
Fonte: Investimentos e Notícias