As tradicionais aves natalinas, como o peru e o chester, estão 22% mais caras neste ano. Mesmo assim, os supermercados ainda esperam grande procura pelas iguarias de final de ano. Como a maioria dos produtos alimentícios – e outros itens básicos como o gás de cozinha, a energia elétrica e a gasolina – as aves nobres também foram atingidas pela inflação.
Mesmo com a elevação de quase um quarto do preço em relação a 2020, o setor supermercadista espera alta na procura destas aves neste ano. Um dos fatores é a volta das comemorações em família e das cestas corporativas entregues para algumas empresas a funcionários, após um 2020 marcado pela pandemia e pelo teletrabalho.
“As festas serão maiores e o número de itens e de volume também. No compartilhamento da ceia, um vai levar peru, outro a champanhe, que também deve ter um certo aumento. A questão é que ave natalina não faltará”, afirma o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo.
Observando o esperado aumento na demanda, algumas marcas tinham alinhado seu ciclo produtivo para este último mês no ano. A BRF, por exemplo, vem reforçando seus quadros operacionais com a contratação de funcionários temporários para dar conta da expectativa de crescimento de 3% nas vendas de produtos de final de ano, na comparação com a data anterior.
“Com o avanço do Plano Nacional de Imunização, esperamos a retomada do food service, e ainda um consumo significativo dentro dos lares, diante de um modelo híbrido de trabalho. Em especial, a expectativa é de aquecimento nas vendas de final de ano impulsionada pelas aves natalinas e retorno das celebrações familiares. Outro ponto é a volta da comercialização de cesta de Natal para funcionários, que tiveram diminuição estimada de 15% no ano passado, mas que devem ser retomadas em 2021”, informou a BRF.
Visando este crescimento no consumo, a empresa tem lançado produtos especiais para as festas de final do ano. Um dos exemplos é o novo Chester Perdição sabor Tempero Gaúcho, que faz parte da linha “Sabores do Brasil”. Ao contrário do tradicional, o Chester Gaúcho possui um tempero aparente, ou seja, é possível ver o mix de ervas desidratadas no produto, que é composto por salsa, cebolinha, manjerona, sálvia, tomate, cebola, pimentão vermelho, tomilho, alecrim, alho e pimenta calabresa. Além disso, o tempero leva um toque de vinho branco seco de mesa, destaque que serve para dar ainda mais sabor e maciez à ave.
Mesmo com o aumento no consumo, as aves natalinas não devem chegar a todas as famílias neste ano. A inflação geral de preços pode impactar negativamente com outros itens, como o gás de cozinha. “As famílias mais carentes, pelo custo do gás, podem vir a preferir o frango, ou outras carnes, do que o peru ou o chester, pois o frango tem um tempo de cozimento menor. Então pode ser que o gás atrapalhe até mais do que o preço das aves nobres em si. As famílias estão mais conscientes, gastam até onde a renda permite”, analisa Longo, presidente da Agas.
Essa questão pode abrir mercado para empresas que não produzem peru ou chester – que seria o caso da Vibra, produtora de aves original de Montenegro. “Temos lançamentos muito recentes que não foram especificamente lançados pensando no Natal. São produtos para o ano todo, mas entendemos que tem potencial grande de comercialização neste final de ano”, afirma Carlos Speltri, gerente de Marketing da Vibra.
Um dos focos destes lançamentos são produtos já assados, cozidos ou grelhados, prontos para consumo. Bastaria descongelá-los e levá-los à mesa. “Entendemos que é interessante, no final de ano, as pessoas poderem preparar o salpicão, a salada, outros componentes da ceia. Ter o recheio da lasanha, por exemplo, em um produto pronto traz praticidade. É um produto coringa, versátil”, afirma Speltri.
Fonte: Jornal do Comércio