36% dos brasileiros declaram-se consumidores de orgânicos, de acordo com pesquisa realizada
A adesão aos alimentos orgânicos, no Brasil, vem crescendo ano após ano. Com maior visibilidade, os consumidores tem buscado por itens que beneficiam a saúde, livres de agrotóxicos. O Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil 2023, realizado pela Organis, revelou em sua mais recente edição que o consumo de produtos orgânicos obteve crescimento de 16% no número de consumidores. A pesquisa, bianual, traz um detalhado diagnóstico sobre os hábitos dos consumidores dos orgânicos.
De acordo, então, com o Panorama, o fortalecimento do hábito de consumir produtos orgânicos contou diversos fatores, além da consciência do bem-estar proporcionado por eles. De 2021 para 2023, cresceu de maneira significativa a importância da aparência dos produtos como critério de escolha, mantendo-se, na sequência, critérios como o preço e a embalagem. “No auge da pandemia, foi registrado um crescimento robusto no consumo de produtos orgânicos, nada mais do que natural, já que poucos saíam de casa nesse período, hábito fortalecido com o advento do home-office. Ao ficarem mais em casa, as pessoas passaram a prestar mais atenção na qualidade dos ingredientes das refeições”, explica o diretor executivo da Organis, idealizador e coordenador da série de pesquisas, Cobi Cruz.
O que permaneceu
“Mas a grata surpresa trazida pelos dados da edição mais recente é que esse consumo cresceu, mesmo com a flexibilização da quarentena. Os números comprovam que, ao voltar à rotina anterior, as pessoas mantiveram o consumo de orgânicos; o que se deve à percepção de que esses produtos beneficiam a saúde e o meio-ambiente. É o avanço constante do que definimos como Atmosfera Orgânica, que concentra nossa visão de que a sustentabilidade é a melhor opção para os negócios do futuro, talvez a única”, explica Cobi Cruz.
O poder da comunicação nos pontos de vendas
Comparando números do último panorama de 2021 para esse atual de 2023, verifica-se que cresceu de maneira significativa a importância da aparência dos produtos como critério de escolha, mantendo-se, na sequência, critérios como o preço e a embalagem. “Consumidores novos elogiaram a forma de apresentação das frutas e verduras orgânicas nos pontos de venda, classificada como ‘bonita’, uma clara valorização dos esforços do setor no aspecto da comunicação visual em relação ao passado recente”, analisa, portanto, Cobi.
Crescimento
Há uma avenida de crescimento para a indústria de orgânicos, mostra a pesquisa. Segundo o levantamento, 54% dos que se declararam consumidores usuais apontaram o fator preço como o principal motivo para não consumirem orgânicos em maior quantidade. Desses, um percentual significativo, 43% dos entrevistados, declara que está muito disposto a aumentar o consumo. Entre os não-consumidores de orgânicos, 13% disseram estar muito dispostos a passar a consumir.
Uma das principais informações trazidas pela edição 2023 do Panorama foi que 36% dos brasileiros declararam–se consumidores de orgânicos. Trata-se de uma grande conquista, dadas às incertezas econômicas enfrentadas pelo Brasil ao longo de 2021 e 2022, que fizeram aumentar a percepção de que os produtos orgânicos são mais caros. Uma das explicações para o fenômeno é que a maioria dos consumidores de orgânicos considera que existem boas razões para os preços mais elevados dos produtos e acham razoável pagar em torno de 20% a mais pelos produtos, em relação aos convencionais.
“A boa perspectiva, que virá na esteira da intenção dos pesquisados em aumentar o consumo de produtos orgânicos, é que, com sua popularização, a tendência é que os preços se tornem mais atraentes e mais empresas e produtores entrem nesse circuito”, argumenta Cobi. “Com o aumento da escala, os custos são diluídos, alimentando um círculo virtuoso que o setor precisa bem aproveitar, investindo em inovação, design e, sobretudo, presença e comunicação para credibilidade, valorização com informação do valor que essa cadeia entrega ao meio ambiente, e a saúde humana”.
Sortimento x logística
Essa questão de sortimento dos supermercados sempre foi muito complexa. Ainda de acordo com Cobi, é preciso dividir duas categorias: os frescos – categoria de frutas, legumes e vegetais (FLV) e o que é mercearia, congelados, açougue, etc… “Essa parte de produtos frescos é uma logística bem mais complexa por que o pequeno produtor não vai conseguir atender o varejo, então vai buscar um facilitador, um bom parceiro que sabe negociar com o varejo. Tem muitas empresas hoje no nosso País com uma capilaridade bem interessante, com uma logística bem resolvida e com uma cultura de Ceasa, inclusive, que distribui orgânicos para o Brasil inteiro, uma dinâmica muito interessante não só para o grande varejo mas, sim, tem empresas especializadas atualmente distribuindo produtos para feiras de produtos orgânicos para pequenas lojas especializadas e assim vão tendo maior visibilidade”.
Negociação
Cobi também acredita que o varejo alimentar poderia flexibilizar um pouco mais, ter uma negociação melhor com esses distribuidores também distribuírem produtos dos outros produtores. ” “Isso tem acontecido principalmente com produtos de mercearia, temos visto nova dinâmica, novos produtos de diversas marcas sendo lançadas e isso é uma tendência, uma valorização por empresas menores, locais, algo que transmita saudabilidade, um pouco de um produto mais artesanal, um referência maior, conheço casos de redes que tem trabalhado de uma forma mais facilitada para a introdução desses produtos. E realmente, o varejo precisa desse sortimento que também é outro desafio para o varejo que é o de manter o sortimento e as pesquisas, inclusive a da Organis) mostram que 80% dos clientes querem, cada vez mais, que produtos orgânicos naturais e saudáveis sejam encontrados em lugares específicos, como uma gôndola, um corredor próprio para eles. Então quem não estiver atendendo essa demanda vai perder o consumidor que vai acabar partindo para outra loja para ver se acha mais opções e a preços mais justos, democrático.
Por falar em democratização, o produto orgânico precisa realmente democratizar seu acesso até para poder perder esse estigma: ‘a orgânico, é caro, não quero’. ” Precisamos quebrar isso e próprio setor tem que trabalhar um pouco dessa “meia culpa” e saber trabalhar com uma visão de um pouco médio e longo prazo, não de mediatismo. É uma negociação que vai envolver muito das duas partes”, acredita Cobi.
Ao longo de 76 páginas, a pesquisa mapeia de forma detalhada, mas de rápida e fácil compreensão com design criativo e cativante que propicia extrema praticidade e facilidade à sua consulta, constitui o documento mais completo do país em informações de interesse para toda a cadeia da indústria dos orgânicos dos mais diversos setores, o perfil do consumidor sob diversos pontos de vista, como financeiro e econômico, grau de escolaridade, sexo, região, preferências por tipos de produtos e volumes consumidos, demandas etc.
A saber, a pesquisa foi realizada entre 19 de abril e 10 de maio de 2023, com um universo de 1.400 pessoas pesquisadas no total, entre consumidores e não-consumidores de produtos orgânicos de diversos municípios do país.
Fonte: SuperHiper