Em Destaque · 15 junho 2022

IPS é quase a metade do registrado em abril, uma tendência para os próximos meses

O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), apurado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe, foi de 1,87% em maio, um recuo importante em relação ao índice de abril, que ficou em 3,02%. A queda sinaliza uma desaceleração da inflação e é tendência para os próximos meses, o que traz alívio para o orçamento das famílias.

O Índice de Preços dos Supermercados mede a variação nos preços dos alimentos e dos itens de higiene pessoal e limpeza do lar vendidos nos supermercados. Embora o índice aponte desaceleração da inflação, a pressão sobre os preços de alguns produtos deve permanecer, o que faz com que o índice não meça uma deflação. A cesta de produtos industrializados, por exemplo, é uma das mais impactadas pelo aumento das despesas logísticas e de insumos.

O leite, que registrou em maio uma inflação de 5,07% chegando a 29,53% no acumulado de 12 meses, tem uma variação de preços baseada – também – em fatores climáticos, que recentemente reduziram as pastagens no sul do país, prejudicando também a qualidade das silagens, o que elevou o custo de produção com a compra de ração para o gado leiteiro.

Substituição

A inflação faz com que o consumidor pesquise mais o preço dos produtos, optando por aqueles mais baratos. Esse movimento pode ser observado na cesta de proteínas animais, que registra queda no consumo dos cortes bovinos e nas aves, e aumento na procura pelos suínos, cujo preço registra deflação nos últimos meses.

A venda de carne bovina sofreu uma retração de 7% entre janeiro a abril em relação ao mesmo período do ano passado. O efeito foi provocado pelo aumento de 9% no preço dos cortes neste quadrimestre.

O frango, que era considerado uma opção viável de compra, apresentou elevação no preço de 12% de janeiro a abril em comparação ao mesmo período de 2021, e de 24,32% nos últimos 12 meses. A demanda internacional por produtos avícolas impactou os valores no mercado interno. Além disso, o surto de gripe aviária (H5N1) nos Estados Unidos e na Europa fez com que a China cancelasse as importações vindas dessas regiões, valorizando o produto brasileiro. Diante da procura externa, o produtor nacional diminuiu a oferta dirigida ao mercado interno e isto elevou o preço. 

Diante disto, a melhor alternativa ao bolso do consumidor passou a ser a carne suína, com deflação de 7,32% nos últimos 12 meses e de 6,90% no acumulado de janeiro a maio. Nesse período, o consumo da proteína suína aumentou 26%.

A boa notícia é que a oferta de suínos deve se manter alta internamente por conta das dificuldades da Rússia em importar o produto brasileiro em razão da guerra. No acumulado do ano, as importações russas caíram 12,9% em comparação com o mesmo período de 2021. Em resposta ao surto da peste suína africana, que teve início em 2018 e praticamente dizimou o rebanho chinês, projeções mostram que o consumo de suínos pela China está se estabilizando, o que reduz a demanda asiática pelo produto brasileiro. 

Hortifruti e bebidas

Em maio, os hortifrutigranjeiros apresentaram deflação de 3,61%, apesar do aumento acumulado de 37,36% nos últimos 12 meses causado pelos efeitos climáticos e pela elevação dos preços dos fertilizantes. Legumes e verduras, que vinham numa escalada de preços contínua, reduziram 22,31% e 1,52%, respectivamente, uma tendência nesta época do ano devido ao baixo consumo de legumes e verduras.

As bebidas alcoólicas sofreram variação de 0,96% em maio, com acumulado de 7,66% nos últimos 12 meses. O item de maior relevância foi a cerveja, que subiu 0,57% no mês, com o repasse do aumento nos custos de frete. Em relação às bebidas não alcoólicas, a inflação foi de 1,13% e, nos últimos 12 meses, 12,20%, com destaque para os refrigerantes (0,74% em maio) e acumulado de 15,72% em 12 meses, reflexo do aumento do açúcar.

Fonte: IG Economia