Em Destaque · 24 agosto 2021

Setor de Higiene Pessoal e Cosméticos fecha o 1º semestre de 2021 com crescimento de apenas 4%, bem abaixo das expectativas

O setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos apresentou resultado muito abaixo das expectativas no primeiro semestre de 2021. De acordo com o Painel Dados de Mercado da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o setor apresentou alta de apenas 4% em vendas ex-factory, o que reflete os efeitos devastadores da inflação ainda sem controle – que reduz o poder de compra dos cidadãos -, e do cenário de instabilidade política, refletindo em insegurança nos brasileiros que seguem hesitantes em consumir.

Apesar do bom desempenho do setor de HPPC no fechamento de 2020, um ano pandêmico e atípico, o cenário de retomada da economia ao longo dos primeiros seis meses do ano se tornou preocupante, com o aumento de preços provocando redução no consumo. Em julho, a inflação geral avançou, atingindo o patamar de 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto a inflação do setor acumulou 5,7%, cerca de 40% abaixo da inflação geral.

Mesmo com a performance setorial abaixo das expectativas, os segmentos que conseguiram salvar em performance nesse primeiro semestre, colaborando com os resultados setoriais como um todo foram o de Perfumaria, com crescimento de 13,3% no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado (em vendas ex-factory) e o de Higiene Pessoal, que apresentou crescimento de 9,4% em vendas ex-factory, com destaque para a categoria de sabonetes, que apresentou alta de 16,4%. Os números demonstram que a intensificação da higienização das mãos durante a pandemia da Covid-19 foi um hábito adquirido pelos brasileiros e que segue consolidado sinalizando, inclusive, o aumento do interesse do brasileiro pelo sabonete líquido, que cresceu 15% em vendas ex-factory nesse primeiro semestre (em comparação ao mesmo período de 2020).

“Estamos vivendo um momento em que a retração do consumo e os aumentos de custos se acumulam e trazem um impacto muito grande para o setor. Insumos indexados em dólar e um real depreciado; custos de produção como combustíveis e gás aumentando; crise hídrica trazendo aumento do preço da energia e o risco de ruptura no abastecimento energético. Somam-se à pressão de custos o cenário de instabilidade política e a falta de consenso acerca das reformas necessárias para a modernização do nosso sistema tributário. Vale lembrar que o nosso setor – apesar de ser essencial para a sociedade – é hoje o terceiro mais tributado em nosso país. Essa equação nos deixa extremamente preocupados”, afirma o presidente-executivo da ABIHPEC, João Carlos Basilio.

“O IPCA do setor atingiu em julho a marca de 5,7% no acumulado dos últimos 12 meses e, quando comparado ao IPCA geral, mostra a limitação do setor em repassar aumentos de custos aos preços. A performance do setor no primeiro semestre de 2021 sinaliza a intensificação da retração do consumo, comprometendo a capacidade produtiva. Nesse contexto, estamos apreensivos de que a falta de perspectivas de melhoria do cenário possa levar, em última instância, ao desemprego em nosso setor”, alerta Basilio.

Guardando um histórico de performance média com o dobro do crescimento do PIB, como demonstrou entre 2011 e 2014, o setor de HPPC se vê hoje obrigado a absorver os altos custos sem conseguir aumentar preços, o que gera ainda mais insegurança para os próximos meses. Mesmo vencendo a crise provocada pela pandemia e reforçando a sua essencialidade frente ao consumidor, o setor segue amargando as consequências de ser o terceiro setor mais tributado do país.

Desempenho dos segmentos e categorias de produtos

Dada a conjuntura econômica atual, alguns segmentos e categorias de produtos vêm enfrentando dificuldades, a exemplo do segmento de cosméticos, que caiu (-3,9%) no primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O segmento de Tissue – composto por papel higiênico, toalha de papel multiuso e lenços de papel – também apresentou queda de dois dígitos (-15%), principalmente em função do impacto da alta dos custos e da alta do dólar, moeda à qual estão indexados os principais insumos.

Categorias tradicionalmente muito fortes em nosso setor enfrentam desafios, caso dos desodorantes que acumularam queda de (-14%) em vendas ex-factory, no primeiro semestre de 2021. Essa é uma categoria onde os volumes seguem crescendo um dígito, mas a disputa pelo consumidor nos pontos de vendas vem se acirrando cada vez mais, com alta recorrência de promoções, puxando os preços para baixo e, consequentemente, impactando ainda mais os resultados do segmento.

“Diante do cenário crítico que se apresenta, a ABIHPEC está extremamente preocupada com a performance que o setor deve apresentar até o fechamento do ano. As perspectivas para os próximos meses, infelizmente, são preocupantes e tememos que esse seja um ano perdido, com pouquíssimas possibilidades de recuperação”, aponta Basilio.

Fonte: SuperHiper