Kantar aponta que o agronegócio favorece a menos dívidas e recursos extras quando cruzados dados de receita e despesa, mas sete a cada dez brasileiros estão endividados no restante do país
A região Centro-Oeste é a única do Brasil a apresentar uma relação positiva entre a renda e os gastos dos domicílios, o que significa que as pessoas podem guardar dinheiro ou gastar com extras, mostra Estudo da Kantar. O Domestic View analisou sete áreas no que se refere a despesas que impactaram o bolso durante a pandemia em 2020, incluindo alimentação, moradia, serviços públicos, higiene pessoal e limpeza.
Nos três estados – Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – e no Distrito Federal, a renda média mensal foi R$ 2.150, enquanto os gastos ficaram em R$ 1.885. Isso provavelmente se deve à produção agrícola, que quase dobrou em 10 anos e que no ano passado apresentou recordes nas colheitas de soja e milho e o mais numeroso rebanho bovino nacional.
Fomentados pela cadeia do agronegócio, os lares locais são na maioria de classe média, independentes e mais equipados, em comparação aos demais do país. 54% deles não receberam auxílio governamental – a taxa mais alta entre todas as áreas analisadas pela Kantar -, e nos 46% que o receberam 74% dos gastos foram com alimentação, habitação e serviços públicos. O consumo de carnes, aves, ovos e peixes representou 32%, seguido pelo de frutas, legumes e verduras, com 16%, salgadinhos e doces (8%) e pratos congelados prontos (5%).
Considerando o Brasil todo, o estudo indica que 67% dos lares brasileiros estão endividados, e esse número sobe para 69% se considerarmos somente as classes C e DE.
O consumo de alimentos e bebidas dentro do lar, higiene e limpeza caseira representaram quase 60% dos gastos nas classes DE em 2020, enquanto despesas em lazer, habitação e bebidas dentro de casa ficaram concentradas nas classes AB.
As classes DE foram mais impactadas com gastos com habitação, passando de 18% em 2019 para 22% em 2020, e no setor de alimentação aumentaram o consumo de frutas, legumes e verduras, igualando esses gastos aos das classes AB.
Ainda no setor de habitação, o estudo aponta um importante movimento da classe DE migrando do aluguel para o financiamento, passando de 5% dos gastos em 2019 para 12% em 2020, reflexo de juros baixos e taxas atrativas para aquisição de moradia própria ou para investimento, que levaram a um aumento do mercado de financiamento imobiliário em 2020. Enquanto isso, as classes AB diminuíram gastos com trabalhadores domésticos (-3 p.p. em relação a 2019) e com manutenção/reforma (-8 p.p.).
O aluguel de imóveis representou ¼ dos gastos de quase 17% das famílias no ano passado, principalmente das classes CDE. Os lares das classes AB e DE que pagam aluguel diminuíram gastos com alimentação e priorizaram outras cestas de consumo, como bebida alcoólica e artigos de limpeza nas classes AB, e higiene pessoal e FLV (frutas, legumes e verduras) nas classes DE. A classe C foi a única que manteve os gastos com alimentação, mesmo pagando aluguel, com destaque para doces, salgadinhos e pratos prontos congelados.
Entre os gastos com serviços públicos, energia elétrica foi o que mais pesou no bolso do brasileiro durante 2020. As classes mais baixas foram as mais afetadas, chegando a uma variação de 30% em relação a 2019.
O estudo Kantar Domestic View entrevistou de maneira online 5.779 lares no final de 2020. A amostra representa 57 milhões de lares brasileiros.
Fonte: SuperHiper